sábado, 4 de agosto de 2018

Nossa Tarefa de Casa

Está chegando a hora.........  ELEIÇÃO!!!!!!!!

É uma pedra no sapato de cada brasileiro! 
Ela incomoda, mas não é possível joga-la fora.
Muita gente está preferindo ficar sem sapatos do que “por a mão nessa pedra”.

Eu digo a vocês: não vai adiantar! Ela está ligada a uma maior que está dentro daqueles que têm cabeça: a Responsabilidade.
Porque votar não é só uma OBRIGAÇÃO, é um DEVER e um DIREITO!

Quem não vota, deixa de ser cidadão e sem cidadãos o país deixa de existir.
Deixar de votar é negar a presença de sua nação no mundo.

Então, SIM, VAMOS VOTAR!

Mas... será preciso, mesmo?  E aqueles cidadãos que têm o DIREITO de não votar? 
A resposta continua a mesma: 

SIM, NÃO SÓ TEMOS O “DEVER” COMO “PRECISAMOS” VOTAR!

Nossa Constituição estabelece os DEVERES. Ela assim existe porque os brasileiros, como cidadãos livres, assim a fizeram!  Se nosso país é uma Republica, quem manda é a Constituição.

A Constituição diz que todos os cidadãos brasileiros, a partir da idade em que adquiram plena consciência de si e do mundo e por isso podem ser responsáveis por seus atos, têm o DEVER de votar. Estabelece essa idade aos 18 anos. Mas a partir dos 16 anos, sem limites, portanto enquanto estiver vivo, o brasileiro PODE votar. ( art.14, §s.1o. e 2o. da Constituição).

Imagine agora: SE TODOS OS CIDADÃOS  NÃO QUISEREM VOTAR; isso anulará uma eleição?

NÃO! Segundo a nossa Constituição, se apenas 1 voto for colocado na urna esse será o nosso presidente. Não votar é dar nosso voto ao Partido no qual pelo menos um eleitor votar. Não existe mínimo de votos para validar uma eleição! 

Se você ainda tiver duvidas, vamos ver algumas outras razões “de peso” PARA VOTAR:

 1a.) Porque o MAL se instala quando o BEM se omite!

Precisamos usar com Responsabilidade o poder que temos. Não há Partido bom ou mau. Há pessoas boas e más!  Aquelas que se candidatarem deverão ser julgadas com qualidades melhores ou piores para o cargo político que queremos.

E podemos fazer essa escolha?

2a.) Sim. Porque hoje podemos usar alguns instrumentos que nos fornecem, sem sombra de dúvidas, informações sobre os candidatos: sua identidade, trabalhos e experiências anteriores, cargos políticos ocupados, problemas judiciais e outros no seu passado, filiação partidária, não somente sua como da família etc. (§3o. da Constituição). Por exemplo, o Google, hoje ao alcance de todos, nos fornece um panorama completo da vida dos cidadãos.

Qualquer um pode fazer essa investigação? 

3a.) Sim. Porque hoje, em nosso país, não há qualquer obstáculo que impeça qualquer cidadão de exercer sua VONTADE para escolher seu presidente.
Já aconteceu de você ter votado e errado? 
Aquele em que votou não correspondeu ao que esperava dele?
Não é motivo para se omitir daí em diante! A culpa não foi sua mas da formação ética, moral e profissional do candidato. (§3o. da. Constituição).  O erro estava no não cumprimento da plataforma proposta em campanha! 
Acho que se perguntarmos ao povo brasileiro, todos já erraram ao dar seu voto a alguém, porque ninguém tinha a “bola de cristal” tecnológica que hoje temos!

E isso faz a diferença? 

4a.) Sim. Porque hoje temos nosso pé mais firme na terra!
A função mais importante da tecnologia é abrir as portas para o futuro.
Mas... existe uma população curiosa de pessoas jovens, universitários, estudantes, cientistas, tecnólogos, que sabem disso e minuto a minuto estão descobrindo novos caminhos para a vida e a economia do futuro. Embora vivam para descobrir e prever soluções para os problemas do amanhã, é preciso saber primeiro se existirá solução para um problema do hoje , da qual dependerá o nosso amanhã: se no futuro haverá um lugar para o Brasil. 
Acordem, empreendedores, investidores-anjo, startses...!  Saiam um pouco das nuvens do Futuro e desçam à terra do Hoje. Sem o controle dos problemas do Agora - e os resultados da eleição serão o maior deles - o Brasil não passará, Amanhã, de um pais em extinção! 

É preciso que votem para encontrar a resposta à pergunta mais importante de todas:

EXISTIRÁ UM FUTURO PARA NÓS, BRASILEIROS, E PARA O BRASIL COMO NAÇÃO LIVRE?

Mas... e os que não precisam e não querem assumir a responsabilidade de um futuro político tão incerto?

5a.) Porque aposentou-se?
Está com idade em que não sofrerá “castigo” legal se não votar?
E daí?  

O que significa o incômodo de ir até a sua seção e colocar na urna o documento da sua Vontade e Decisão? Ou aguardar que um funcionário venha à sua casa com a urna para receber seu voto?  A Constituição lhe dá esse direito! 

Há limite de idade para votar mas não há limite que o IMPEÇA de votar.

Se você for aposentado, se tiver mais de 70 anos, ou mesmo se estiver com mais de 100 anos, ainda que seja fisicamente dependente, uma vez que esteja lúcido e tenha autonomia (saber o que quer), PODERÁ e DEVERÁ votar! Poderá ocupar seu lugar de direito como cidadão.

Vamos encarar este Brasil, qualquer que seja a nossa situação ou a dele! Vamos mostrar que a população de eleitores idosos sabe, mais do qualquer um, o que será bom para o país. 

Você pode não ter a OBRIGAÇÃO mas tem o DIREITO e o PRIVILÉGIO de exercer a sua Vontade num regime político democrático que respeita a sua Liberdade e Autonomia.

Olhem para a enorme população de idosos no Brasil! 

Com 94 anos, espero saber que estaremos maciçamente nas filas, esperando nossa vez de votar e mostrando aos jovens a fibra e a esperança de quem já conheceu o Brasil como o melhor país do mundo! 

Daqueles que sabem que o Brasil não só pode ser UM PAÍS COM FUTURO  mas O PAÍS DO FUTURO. 

sábado, 2 de junho de 2018

                                    A HISTÓRIA DO MEU “PUXADINHO”
                                                                                    Lília Sampaio de Souza Pinto
                                                                                           29/05/2018



Depois de uma semana internada em um hospital para curar uma pneumonia, voltei para casa paparentemente boa, com tudo bem zeradinho. Por causa dessa doença perdi uma bela viagem à Portugal, tudo arrumado, pago e planejado, com minha irmã , meu filho e minha nora.
Paciência, ainda bem que o hospital onde fiquei era maravilhoso. Meu conhecido há muitos anos, lá a gente é tratada com muita eficiência, atenção e carinho; um verdadeiro “Spa”!
Entretanto, eu queria mesmo era voltar às minhas atividades interrompidas, à minha rotina em minha casa... E assim foi por duas semanas quando...lá estava eu de volta ao indesejado Spa, muito assustada com tanta pneumonia!

Agora, deixe me apresentar: sou uma idosa com 94 anos e meio, o que significam 95 pois os 94 já foram cumpridos ou passados e, quem sabe fazer uma continha de “menos”, facilmente vê que, saindo de 1923 ( meu nascimento) para chegar aos 2018(hoje), sobrarão 95 (minha idade). É a verdade, embora teimem em colocar minha idade nos 94 anos. E dizem que sou teimosa...!

Só me referi a isso para justificar minha familiaridade com o hospital e doenças. Desgaste natural, não falta de saúde nem de qualidade de vida pois destas não posso me queixar.
Bem, voltei novamente ao hospital e fiquei horas fazendo exames e aguardando vaga para internação. Tudo lotado! A velha explicação de sempre para justificar a falta de respeito à Natureza: mudança de estação, gripes e bactérias no ar! Se sabe disso, então por que não uma echarpe no pescoço para proteger a nuca, entrada do vento e do frio que vêm de repente nos períodos de  mudança?

Finalmente...Ufa! Vieram avisar que desocupara um quarto e só faltava higienizá-lo para estar disponível.
Lá fui eu para o meu quarto recém-higienizado e equipado com tudo que precisaria para emergências, uma semi-UTI. Mas era bem diferente do anterior onde eu havia estado pela primeira vez, ala nova do hospital, tudo maravilhoso, moderno, com tecnologia avançada desde as persianas até a luminária.

Este de agora é muuuito menor, antigo, aquele jeitinho das minhas lembranças da infância: mesinha num canto, um sofá debaixo da janela, uma peça entre criado-mudo e estante com uma prateleira, mas sem porta, um nicho embutido na parede, com porta e, debaixo dele, outro nicho menor com prateleirinha e sem porta. Tudo muito bem arrumado, super limpo e a janela grande deixando entrar o sol da manhã. Face nordeste, perfeito! Só que pequeno...muito pequeno! Se você puxasse o suporte para o soro mas esquecesse de ir para o outro lado, não poderia sair de trás dele, a não ser por via aérea ou subindo na cama do paciente.

Para vocês terem uma idéia, o nicho do qual falei era  o guarda-roupas. Parecia mais uma passagem secreta como aquelas que os antigos quartos dos castelos tinham. Lindo! Adorei, porque gosto de filmes e histórias de mistérios. No nicho abaixo daquele, aberto, um  mini-frigobar que daria para emergências.

A porta de entrada (dava para passar uma cadeira de rodas, sim, pois antigamente essas cadeiras já existiam) abria no corredor de entrada e, na parede ao lado dela, outra porta, a do banheiro. Assim, ambas as portas quase se comunicavam, a do corredor de entrada abrindo para o corredor do quarto e a do banheiro para o interior do banheiro; então elas não se cruzavam mas, abrindo ambas ao mesmo tempo, forneciam um visual completo. Oba! Primeiro banheiro com visão panorâmica para o trânsito no corredor do hospital e vice-versa!

Certa madrugada, não querendo acordar minha filha acompanhante, fui ao banheiro. Ao voltar, a má sorte fez com que a enfermeira estivesse entrando no quarto para fazer a ronda das 2 horas. Nossos olhares se cruzaram, a mão dela com a bandeja dos medicamentos tremeu e quase foi tudo para o chão. Detalhe, se ela tivesse um AVC eu seria uma criminosa!  Com dois bobes no alto da cabeça e o nariz até o lábio com bigode branco de Hipoglós, por causa de ressecamento produzido pelo contato do sal do soro da inalação com a pele sensível das narinas, eu deveria parecer um fantasma branco avançando para ela.

E o interior desse banheirinho!!! Personalizado para o benefício de cada um que o utilizasse.
A bacia bem perto da porta e defronte ao lavatório. Debaixo deste, o recipiente para o lixo. Só que a uma distância de mais de um braço - dos normais naturalmente! Agora, imagine a cena de quem estivesse sentado no vaso: primeiro, se inclina para a esquerda, tentando olhar para a mão direita que vai subindo, subindo, até alcançar a papeleira presa ao alto da parede quase às suas costas.  Hurrah!!!  Pega  um chumaço de papéis , faz  o que deve com ele e ... como colocar o papel no lixo fora de alcance? Mirou, mirou e atirou o papel com um lançamento preciso ... fora do contêiner...! Mas que foi um belo lançamento de disco, o Discóbolo do grego Míron é a prova!

Bem, gente! Esse quarto  que eu descrevi, é o meu amigo e herói, o “Puxadinho”, nome que colocamos por ser dos primeiros (mais precisamente, o segundo) conjuntos a serem construídos para ser este hospital.
Como viram, ele é especial e cada paciente que o vê, o utiliza e o percebe à sua maneira. Na verdade o mundo à nossa volta é como nós o vemos mas, em geral, por força de fatores e valores sociais, somos levados a julgá-lo segundo padrões artificiais. Exemplo disso é o valor atribuído a um hospital segundo seu grau de luxo, mais aparente do que seus valores mais profundos de humanidade. A razão de existir de um hospital surgiu da primeira necessidade do homem de defender sua qualidade de vida. Essa é a premissa básica da medicina como ciência e fonte de terapia. Não é o paciente e sua cura a origem e o fim dos objetivos de uma instituição médica, sendo a voluptuosidade apenas o seu valor social?

Não digo isso para defender o Puxadinho, embora sirva! Ele é advogado em causa própria; mais do que isso, seu valor jamais poderá ser posto em dúvida. Começou em um hospital construído para ser um Centro de Estudos, Pesquisas, Prevenção e Cura dos males que afetam o homem em todas as idades. E vem cumprindo essa missão impecavelmente, atualizando seus padrões segundo a evolução não só no campo da Ciência Medica como das Ciências Humanas.

Não estou falando para enaltecer um hospital frente a outros, quero apenas mostrar, de um lado,  fatos que ocorrem frequentemente e determinam uma classificação e um status numa sociedade. E, de outro lado, o que pode ser visto quando esses fatos são analisados à luz de uma premissa mais inclusiva e humana.

Agora vou dizer como vejo  meu Puxadinho considerando quem o ocupa segundo três focos:
A) O Paciente, visto como a origem e o objetivo da existência de um hospital. Neste caso, a função do hospital é:
0. dar ao paciente os recursos para identificar seus males através de um tratamento holístico dos sintomas físicos e mentais desses males. Então, saber ouvir o paciente, suas dores físicas e emocionais, é predispô-lo a querer se curar. Isso exige da Medicina um trabalho em equipe e a parceria de vários profissionais da saude;
0. oferecer ao paciente alimento para o corpo e a alma. Refeições saborosas e bonitas aos olhos despertam a vontade de comer, e comer o que faz bem à saúde, é caminhar para a vida. Quando oferecida com alegria, atenção e carinho, a motivação para viver é o começo da cura.

B) O Hospital deve ter uma estrutura adequada à prevenção das necessidades dos pacientes a fim de atendê-las uma a uma nas áreas:
  1.  Externa: ruídos, iluminação, localização de serviços (estacionamento, restaurantes,    transportes etc.).
  2. Interna: organização dos ambientes internos desde os quartos até as áreas de serviços, atendimentos de emergências e equipamentos.

 C) Os Recursos Humanos se compõem de profissionais e especialistas na área da saúde , em constante evolução que, com foco no paciente e com a cooperação mútua de seus parceiros,  aplicam seus conhecimentos e recebem feedbacks num processo transdisciplinar e intergeracional de aprendizagem contínua.

Tudo isso encontro no Puxadinho quando olho para o seu:
  1. Tamanho: pequeno, sim, mas cheio de calor humano e proximidade. Ninguém longe demais para ser ouvido, ainda que o velhinho fale com voz rouca, nem para ouvir, embora o paciente seja bem surdinho. A troca de energia é perfeita e isso faz bem tanto  ao paciente quanto  ao profissional.

  2. Espaços: circulação super restrita mas...os profissionais altamente treinados parecem abelhinhas,  cada uma fazendo sua parte com destreza  e precisão.

  3. Mobiliário: roupeiro, armarinho etc. suficientes para quem vai usar roupa do hospital para onde o paciente não vem com malas e bagagens de programas sociais. São os necessários, embora hoje ainda nem tanto suficientes.

  3. Atividade: mesmo sendo pequeno o espaço para a mobilidade, - e talvez por isso mesmo - no sentido sócio-econômico o Puxadinho cumpriu sua missão. Veja o capítulo do espaço do banheiro versus tamanho do paciente!
A desarmonia entre as  posições e distâncias da bacia, papeleira e recipiente do lixo, proporciona um excelente exercício físico para responder a um desafio de adaptação e isto, gente, o desafio, é a mola propulsora que desencadeia atividade para a busca do equilíbrio e harmonia de movimento e mudança no espaço. Quem diz isso não sou eu mas a Física Quântica e o Taoismo o comprova.

Acredito que posso convencer a quem estiver lendo este relato sincero, que construções antigas e vetustas podem cumprir a missão para as quais foram construídas com Sabedoria ( conhecimento que somente os antigos têm ) porque seus valores se sustentam num sistema dinâmico de vivência e não estático de modismo, sendo, assim, capaz de se adequar ao futuro. Sendo renováveis, nunca perdem seu foco e evoluem em seus paradigmas.
São renováveis porque se despem do inútil, ultrapassado, que impedem boas mudanças e renascem sobre o que foi e será cada vez melhor.

Adivinharam, não? O Puxadinho um dia irá para a reforma! Fará  parte de um projeto de mudança para  uma futura ala modernizada do hospital. E deixará de ser o “Puxadinho” para se transformar num belo apartamento cujo objetivo e função comandará todos os aspectos da sua nova forma.

Hoje desocupei o Puxadinho. Fui liberada da Unidade de Terapia Semi-Intensiva ( olha a importância do Puxadinho ) e levada para um quarto comum numa ala nova do hospital, à qual apelidamos “ Dubai” pelo conforto ( moderno, suficiente e necessário, sem ser voluptuoso ) com a mesma excelência de serviço e pessoal da ala antiga.

Esse hospital do qual falo neste texto com a verdade dada pela convivência e experiência de muitos anos ( não conte a ninguém mas acho que nasci antes dele ) é o Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, Brasil, hospital de referência mundial.

















quinta-feira, 17 de maio de 2018

Por Uma Terapia Ocupacional Holistica

A primeira curiosidade do homem para conhecer a si próprio e o mundo o levou à fragmentação. A observação das partes componentes do organismo vivo e sem vida dos animais, assim como dos elementos da Natureza, despertou seu respeito mítico pelo poder de certos elementos vitais para criar, manter ou aumentar os “dons” da saúde tais como a força, a agilidade, a acuidade dos órgãos dos sentidos, a premonição etc. 

A partir daí, considerada globalmente, a cultura do interesse pela vida e saúde se desenvolveu e evoluiu segundo duas direções: 
De um lado, no ocidente  nasceram e se desenvolveram os estudos e as teorias denominadas atomistas, baseadas no paradigma cartesiano-newtoniano que postulava a racionalidade, a objetividade e a quantificação como únicos meios para chegar ao conhecimento. (Teixeira, E. Rev.Esc.Enf. USP, v.30,1996)

A necessidade de encontrar a menor partícula da matéria e o auxílio de instrumentos tecnológicos cada vez mais potentes, possibilitaram às  ciências, puxadas pela Química e pela Física, alcançarem os menores componentes subatômicos do organismo. (Rev.Bras.de Ensino da Física, v.35, n.1, SP., jan/mar, 2013)
Os cientistas e profissionais começaram a procurar alcançar conhecimentos e a curar os males que afligiam o homem, através de especializações que atendiam aspectos cada vez mais compartimentalizados do saber, da vida do homem e da Natureza. 

Por sua vez, no oriente, com uma ancestralidade muito mais avançada, evoluía a atitude de contemplação e permuta entre o homem e a Natureza como o único caminho para a cura, a manutenção e a obtenção da saúde entendida como o estado de equilíbrio e harmonia do homem consigo próprio e com os outros homens no seu planeta Terra dentro do Universo. Essa Cosmovisão do mundo os orientais alcançavam através da observação da Natureza, da meditação e dos estudos em mosteiros afastados das regiões populosas, sendo o mais conhecido o Mosteiro Shaolin. Lá se desenvolveram as teorias Taoístas que originaram as filosofias e diversas praticas do Tao, tais como, por exemplo o Tai-Chi-Chuan (Capra,F. O Tao da Física, 1987)

No início do século XX houve, no ocidente, uma primeira mudança drástica nos paradigmas que sustentavam as teorias baseadas na atomização da matéria.
Puxados especialmente pelos estudos no campo da Filosofia, da Psicologia e da Biologia, as informações sobre a vida e sua qualidade, baseadas na soma de suas partes, foram substituídas pelo conceito de produto. Assim, a resposta final, o conhecimento decorrente de uma aprendizagem, não constituía mais o resultado da  somatória dos conhecimentos adquiridos ao longo do processo e sim um novo produto que emergia do conjunto desses conhecimentos. Ele decorria do processo da aprendizagem mas era um produto diferente, que não poderia ser explicado por nenhuma das suas partes consideradas isoladamente. 

Os estudos e pesquisas no campo do comportamento humano e animal forneceram bases cientificas à teoria do todo, à Gestalt Theory. ( Wertheimer, M., 1880-1943, Koffka, K., 1886-1940, e Khöeler, W., 1887-1967 )
A teoria Gestáltica (da boa forma) foi importante porque marcou a primeira preocupação do homem em olhar para dentro de si próprio como um sistema, antes de analisar suas partes, ou seja, compreender que as partes só podem ser conhecidas através da visão do todo. 
A Gestalt trabalha com dois conceitos que a aproxima do conceito sistêmico do holismo: super-forma e transponibilidade, ou seja, tornar explícito o que está implícito. 

Pela primeira vez o pensamento ocidental se aproxima do oriental, quando a Física Quântica  mostra o homem como um elo na corrente energética da vida num mundo em movimento e o Taoismo afirma que assim continuará sempre sem começo nem fim porque essa energia viverá na linhagem de seus descendentes, sucessivamente, gerações após gerações.

Em março de 1986, em Veneza, foram debatidos os novos rumos das ciências  para o terceiro milênio. Desse evento emergiu a Declaração de Veneza que aponta a necessidade e urgência de novos estudos e pesquisas numa perspectiva transdisciplinar com um intercâmbio dinâmico entre ciências exatas, humanas, a arte e a tradição. O grande desafio será o compromisso social dos pesquisadores e profissionais engajados nesse movimento. (Rev. Esc. Enf. USP, v.30, n.2, p.286-90, ag. 1996)

Em 1987, em Brasília, de 26 a 29 de março, ocorreu o I Congresso Holístico Internacional e o I Congresso Holístico Brasileiro. Em resultado desse evento foi elaborada a Carta Magna de Brasília. Ela reafirma a relação entre o homem e o Universo, entre as partes e o todo e enfatiza a importância do holismo e as consequências concretas da descoberta da complementaridade entre Ciências, Tradições e Sabedoria. (Crema,1989) 

No Brasil foram criadas a Fundação Cidade da Paz e a Universidade Holística Internacional de Brasília, para atuarem na construção de pontes entre as diferentes ciências e estas e as diferentes experiências.

A Universidade Holística de Paris, fundada em 1980 pela psicóloga Monique Thoenig, foi um marco decisivo no debate sobre o paradigma holístico.
Pierre Weill resumiu um enunciado da moderna psicologia transpessoal na seguinte fórmula:

VR = f (EC), significando que a Vivência da Realidade (VR) é uma função ( f ) do Estado da Consciência (EC) no qual a pessoa ( o paciente e o profissional ) se encontra no momento da observação. (Crema, 1989)

Hoje podemos encontrar conceitos que, sendo comuns aos diferentes campos do saber, unem o pensamento oriental e o ocidental no entendimento da saúde, esta considerada o bem maior, o fator de equilíbrio entre os elementos que compõem o Universo. Com este sentido, Saúde é igual a Vida, entendida  como o estado de harmonia e equilíbrio do homem consigo próprio, com os outros homens, com a Natureza, com o planeta Terra e o Universo. Sustentam este conceito os seguintes paradigmas: 

.   O homem é um dos elementos de um Universo em Movimento. A parte do Universo que ele habita - o planeta Terra - é uma estrutura composta de elementos formados por partículas de energia as quais, interligadas, compõem o planeta em movimento - uma Unidade Global Viva - capaz de produzir e sofrer mudanças.

.   A Física nos mostra que numa partícula, o movimento ocorre num processo contínuo de aceleração e lentidão (ascensão) e de mudança em quantidade e qualidade (direção) segundo um deslocamento bipolar que vai do menos para o mais, volta para o menos, e vice-versa. Por essa razão, encontramos na dualidade da composição do Universo - e na do homem como um de seus elementos - esse movimento bipolar: nascer- morrer, construir- destruir, crescer-diminuir etc. E, na sua complementaridade, todos dependem uns dos outros, um não existe sem o outro. (Capra, Fritjof, O Tao da Física)

.   No planeta Terra, o homem é o único Ser com Consciência, capaz de modificar a si próprio e o mundo em que vive. É, portanto o único capaz de julgar, escolher e compreender sua missão de elemento de ligação entre as  formas de vida no seu planeta e interagir com ele no sentido de orientar sua evolução.

Hoje, a partir  da sabedoria adquirida com os  textos hipocráticos  da cura, os profissionais da saude já não  consideram mais as doenças como processos naturais que podem ser cientificamente estudados e influenciados por procedimentos somente terapêuticos. Cada mal não tem somente uma origem e não pode ser curado apenas pela terapia.

Na área da saúde, a postura holística leva a uma nova relação entre o profissional  e o seu paciente, no sentido de leva-lo a compreender a natureza e o significado da sua enfermidade e a sua capacidade para auxiliar a recuperação através da auto-cura. 
Atualmente é reconhecida, não só a interdependência entre os aspectos da vida do paciente - físicos, mentais, sociais, emocionais - como a sua vontade e motivação para viver. As abordagens bioenergéticas são bons  exemplos da valorização do corpo como um sistema que deve buscar seu equilíbrio e coerência internos e externos. (Lowen, A., O corpo em Terapia: a abordagem bioenergética, Sumus edit.,copy1958, p.97, SP.)

Aos poucos, como observa Teixeira, o mundo começa a construir pontes para alcançar plenamente a pratica da saúde através das mudanças que deverão ocorrer com o advento da teoria holística e sua aplicação no campo das relações transdisciplinares no processo intergeracional do homem na Terra.

Este amplo e significativo  conceito holístico da saúde e dos profissionais responsáveis por sua presença no processo do viver, coloca em destaque o papel do Terapeuta Ocupacional.
Seu campo de atuação abrange não só o comportamento físico do paciente onde ficam aparentes os sintomas do desequilíbrio e desarmonia dos processos vitais externos mas também o comportamento interno, onde tal desequilíbrio parte de reações menos evidentes, frequentemente emocionais e sentimentais, que causam estresse e reduzem a vontade de viver. 

Se TERAPIA significa “o tratamento e a cura para uma determinada doença”,o diagnostico será o primeiro passo para que o Terapeuta seja bem sucedido. 
O antigo procedimento de determinar a origem física evidente, diagnosticar a doença e orientar o paciente na  busca do medicamento adequado a eliminar o mal na sua origem orgânica já não basta. 
 De acordo com o conceito holístico, são vários os sintomas, tanto físicos como mentais e emocionais que podem indicar uma doença, um desequilíbrio e desarmonia no sistema de vida externo e interno do paciente.

O tratamento e a cura irão depender, então, de uma abordagem sistêmica do paciente e poderá ou não envolver mais de um profissional da saúde . A abordagem Sistêmica tanto exigirá a interação dos profissionais envolvidos - ou o preparo profissional adequado do terapeuta ocupacional - quanto o envolvimento do paciente, num processo que podemos definir como de pesquisa ou busca dos fatores que produziram as mudanças negativas no pensamento e comportamento do paciente. A “cura” será, então, o resultado obtido paulatinamente, através de procedimentos sistêmicos de reintegração equilibrada e harmônica do paciente no meio em que vive. Será um trabalho de equipe ou de um profissional que trabalhe num sistema multifuncional de ação.

Importante também é ter claramente presente o conceito que define o campo de atuação do terapeuta OCUPACIONAL. A definição ou nomeação de algo é que dá a esse algo uma identidade, uma existência, a ocupação de um espaço na mente e no mundo do homem e da sociedade.

OCUPAÇÃO “é tomar posse de algo ou preencher determinado espaço”.
CIÊNCIA OCUPACIONAL “é uma ciência que estuda a complexidade  biopsicosocial das ocupações humanas...”
TERAPIA OCUPACIONAL “é um campo de conhecimento e intervenção em saúde, educação e esfera social que utiliza como foco de intervenção as ocupações humanas ...”( Wikipedia. Terapia Ocupacional)

Diante deste quadro conceitual podemos chegar a um consenso e a uma definição que abranja os aspectos mais significativos na atuação desse profissional e seu campo de trabalho.
Em primeiro lugar vamos entender ocupação como uma posse, o preenchimento de um espaço que pode ser físico ou mental. Assim, do mesmo modo que um bem material ou um trabalho, os sentimentos, pensamentos e ações, são ocupações, posses que tomamos usando os espaços de nossa vida e a eles reagimos como um todo, com nosso comportamento global, negativo ou positivo, perante a vida - nós em nossa interação com o mundo. 

Tendo em vista a responsabilidade e a importância do papel individual e social do terapeuta ocupacional  no equilíbrio e harmonia das relações interpessoais e do homem com o ecossistema onde vive, podemos  sugerir, numa perspectiva holística, a seguinte definição para o profissional em Terapia Ocupacional: 

O Terapeuta Ocupacional é o profissional devidamente preparado para atuar, juntamente com seu paciente, nas interrelações desse paciente consigo próprio, com sua família, amigos e a comunidade onde vive, a fim de detectar, com o auxílio de outros profissionais, se necessário, os fatores internos e externos que colocam em risco a qualidade de sua saúde a fim de buscar meios para reconduzi-lo a um sistema de equilíbrio e harmonia consigo próprio, com as demais pessoas e o meio em que vive.


Bibliografia:

. CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação, S.P., Cultrix, 1986.
. CAPRA, Fritjof. O Tao da Física. 1975.
. CREMA, Roberto. Introdução à  Visão Holística, 2a.ed.,S.P., Sumus, 1989.
. LAO TSÊ. Tao Te King. Hemus, ed.
. LOVELOCK, James. Gaia, Alerta Final, Saraiva, S.P.
. LOWEN, Alexander. O Corpo em Terapia: abordagem bioenergética, Sumus ed.,   
  copy.,1958.
. Rev.Bras.de Ensino da Física. v.35, n.1, S.P., jan/mar., 2013.
. Teixeira, E. Reflexão sobre o paradigma holístico e holismo e saúde. Rev. Esc. Enf., 
  V.30. n.2, p.286-90, agosto, 1996

. WONG KIEW KIT. O Livro Completo do Tai-Chi- Chuan, Pensamento, S.P., 2005.

domingo, 6 de maio de 2018

OS ENVELHESCENTES : ONDE E COMO VIVER

    Como boa envelhescente (tenho 94 anos e lá vai pedrada), estou interessada no meu endereço futuro (sempre fui otimista!).        

    Hoje estou satisfeita com minha vida e moradia. Vivo sozinha em um apartamento - se não contar meu cachorro que está com dezoito anos. Tenho autonomia e auto-suficiência para realizar atividades dentro e fora de casa, para manter minha rotina em dia e participar de encontros e eventos com familiares e amigos em vários lugares.

    Mas...sempre tem um "mas" porque a vida é uma sequência de mudanças, muitas  previsíveis como, por exemplo, que nenhuma delas tem efeito retroativo. Assim, posso prever que a excelência de minha vida, cada vez mais só poderá ser preservada através de alguns procedimentos que me garantam as melhores condições para que as mudanças favoráveis ocorram e permaneçam o quanto for possível. 
    Acho que posso resumir as boas condições da vida em uma afirmação geral: a qualidade de vida de um homem está em relação direta com o alimento que recebe na troca de energia que mantém com os outros homens e o mundo em que vive. Neste sentido acho que posso repetir,  com grande margem de certeza, que "o homem é o que ele come".  Esse comer deve ser entendido num sentido amplo de alimento tanto para seu organismo físico e fisiológico quanto o mental e psicológico. Daí a enorme importância, uma verdadeira revolução social, um "chute no pé da barraca" para dar um “basta” naquelas condições que tão frequentemente nos remetem à mudança final. Me refiro ao atual e crescente movimento para encontrar novos rumos de vida por parte de grupos cada vez mais numerosos de  velhos, idosos, tiozinhos e vovózinhas que vêm se recusando a morar nas casas de seus familiares onde são estorvos e fardos e nas Casas de Repouso onde são tratados como clientes terminais numa ante-sala à espera da chamada da morte.
    Essa nova população, que vem sendo denominada " os envelhescentes ",  é formada pelos indivíduos que ao entrar na faixa dos 60 anos estão começando a  perceber que não se transformaram mental e fisicamente em seres descartáveis pela sociedade. Ao contrário, a aposentadoria não lhes parece  mais um atestado de invalidez e, com a ajuda dos meios de comunicação e de novas políticas sociais de atividades e cultura para todas as idades, começam a sentir-se plenamente aptos a corresponder ao chamado do progresso e da vida moderna.
ulturais da cidade, voltados para os idosos ( programação anual do SESC, Conselho dos Idosos, Espaço do Idoso, Associações Laicas e Religiosas amparadas ou não pela Prefeitura, Trabalhos voluntários etc.).


    b) Buscar informações sobre moradias para idosos, existentes em várias regiões e analisar suas características e funcionamento. Para isso recorrer a materiais de divulgação, contato com entidades e/ou responsáveis, tanto no nosso país quanto no exterior, que estiverem a nosso alcance. De preferência procurar aqueles que apresentam algum diferencial relevante para nosso objetivo, em relação aos tradicionais existentes. 


    c) Estudar as possibilidades para a realização de um projeto de Comunidade, tendo em vista especialmente as informações obtidas diretamente dos idosos , as políticas públicas municipais, estaduais e nacionais sobre os cuidados e direitos dos idosos, os trabalhos realizados por Entidades, Grupos  e Sociedades que experimentam uma nova filosofia e orientação de vida que possam contribuir para a realização de nossa proposta. Além disso, indispensável para suporte e continuidade de um programa de atividades dos participantes da tal  Comunidade, analisar também a contribuição de trabalhos pioneiros de moradias comunitárias, tais como os  do Instituto Pindorama e outros Grupos de permacultura e de vivência em contato com a Natureza.

    Os resultados obtidos deverão ser analisadas à luz dos elementos que indicam sua importância para corresponder aos anseios daqueles que estão em busca  da alegria e dignidade da vida em toda a sua extensão.   
    Deste modo, os idosos serão os agentes e os destinatários das mudanças 
pretendidas.

  II -    Outro fator que se deve ter em mente é a clareza dos conceitos inerentes às nossas indagações a fim de que os resultados obtidos decorram da perfeita coerência desses conceitos e os objetivos, o que esperamos deste trabalho.
   a)  Um dos conceitos mais importantes é o do significado da VIDA. Já vimos que não nos interessa apenas o viver orgânico do idoso mas o viver consciente, pois é a consciência que dá significado ao processo orgânico do viver.
    Para nossos objetivos o Viver é um processo contínuo de interagir com o conjunto das  mudanças (entendê-las, aceitá-las ou substituí-las, dirigi-las e provocá-las etc.) que ocorrem no corpo e na mente de um indivíduo a partir do momento que ele começa a tomar consciência de si e do mundo até o momento   que essa consciência se extingue. 
    Assim entendido, o Viver ( ou processo de mudanças) depende do Movimento (causa das mudanças) e da Consciência (que as compreende e dirige) e da Matéria (o corpo humano, o que muda).


     b) O segundo conceito é o de ALIMENTO. Tambem ja vimos que, como  todo organismo vivo, o homem - matéria em movimento,  que se modifica constantemente - necessita de alimento. E na medida em que ele é um ser consciente, usará essa consciência para manter e dirigir as mudanças que ocorrem no processo da sua vida, ou seja, na sua constante busca do novo.
    No mundo - natureza e sociedade - ele escolherá o  alimento para o corpo e a mente e suas opções decorrerão dos conceitos e valores que aprendeu no mundo - seu livre arbítrio. 
As consequências de suas escolhas irão se refletir nas suas mudanças - na qualidade de sua vida. Daí a importância do meio - família e sociedade de um lado e  natureza, de outro - na orientação do indivíduo em relação às mudanças no processo do viver. 


   III. -     Não podemos esquecer um terceiro fator: a HERANÇA GENÉTICA  , o que os orientais denominam "tesouro que recebemos de nossos antepassados". A maneira como cada um faz as suas escolhas e lida com as mudanças no decorrer da vida está, em grande parte, atrelada às influências ancestrais inclusive o modo de perceber e reagir às condições ambientais:  sociais e naturais. 
Do amálgama de todos esses fatores resultará, à cada geração, uma  nova herança a ser transmitida de geração a geração num futuro sem fim...
         
Basicamente, as relações do homem com o mundo sempre foram as de um predador e sua presa;  e o papel da consciência é ensinar a julgar e fazer suas escolhas. Aos poucos,  a consciência vai sofrendo a influência dos valores ancestrais e familiares, das mudanças que ocorrem em outros fatores mentais tais como inteligência, sentimentos, emoções assim como dos valores sociais vigentes a exemplo da ética, da moral e da justiça, elaborados no decorrer de suas experiências de vida. E ele incorpora tudo isso às suas escolhas sob a forma das atitudes de amor e desamor. 

    Um dia vi na internet a mensagem de um padre católico que falava da diferença entre "utilidade" e "significado".  Então entendi melhor o "amor" na envelhescência.
     Dizia ele que é  no momento em que uma pessoa começa a se tornar inútil que podemos medir o amor. Sem utilidade, dela só restará o significado. Se embora inútil ela continua a significar algo bom, precioso para nós é porque a amamos de verdade, se não, esse amor que existia era por nós próprios, porque ela respondia às nossas necessidades. Esse aspecto da interação humana nos leva a compreender um pouco a complexidade do drama vivido pelas famílias quando seus idosos começam a demonstrar dificuldade em participar do seu ritmo de vida, das decisões e da rotina diária da família. A crescente indecisão entre atitudes opostas: de afastamento e impaciência hoje, frente às antigas e costumeiras provas de amor, provoca conflitos e complexos que só dificultam a percepção de que podem existir, ocultas pelos bloqueios dos idosos,  muitas contribuições sociais valiosas embora e talvez por conta das mudanças do ritmo de vida que ocorre no processo do envelhecimento.

    A simples observação das mudanças que se sucediam, física e mentalmente no idoso do século passado, comparadas com as que vêm  ocorrendo na população idosa atualmente, evidencia profundas diferenças sociais entre ambos.
    Por exemplo, até meados de 1900, os que chegavam aos sessenta anos eram considerados fora dos limites esperados. "Sexagenário" era palavrão para desqualificar socialmente aquele que não deveria ser levado a sério tanto física como mentalmente porque já estava - como eu ouvia muito quando era menina - "com um pé na cova".


    De outro lado, essa faixa da população que aumenta significativamente ano a ano vem apresentando, de forma crescente, maior disposição não só para viver como para participar ativamente de atividades antes impensáveis para essas idades. O estímulo de entidades que oferecem oportunidades de participação em atividades físicas  e culturais, o interesse de estudiosos e especialistas no campo da geriatria e gerontologia, são responsáveis pela quebra do antigo círculo vicioso: velhice > sedentarismo > moléstias compatíveis que levam o velho ao desestímulo, à negação da vida e espera da morte, o que traz cada vez mais velhice, mais sedentarismo etc. desgastando progressivamente o significado da vida e a esperança de mudanças a ela favoráveis.
   Hoje vemos pessoas com 90 anos ou mais participando de eventos, atividades de lazer e até no desempenho de serviços sociais voluntários com outros idosos. E não somente esses ainda poucos, mas uma grande faixa de envelhescentes  se mantêm na posse de capacidades físicas e mentais satisfatórias para ter relativa autonomia e independência para morar sozinhos.
   O estímulo social e o aumento da auto-estima já  têm levado idosos a ocupar altos postos na sociedade. Eles querem sim e podem contribuir para a evolução social em direção a um mundo melhor para a espécie humana. Quanto mais o homem viver mais ele poderá aprender e  estará em condições de compartilhar um bem que somente ele e nenhum jovem poderá fazê-lo: a Sabedoria para utilizar melhor o Conhecimento.
    
    Finalmente, é bom lembrar que, na melhor das hipóteses todos os seres humanos, agora envelhescentes, um dia serão velhos e que o investimento de hoje será o seu consumo amanhã. O prazo não é tão longo porque tempo não existe; a vida é sempre o agora. O que a valoriza são as boas mudanças que garantem os momentos felizes e a saúde para deles usufruir e compartilhar.

    Tal como pretendo fazer, espero que cada indivíduo, envelhescente, velho ou não, possa estabelecer conscientemente os parâmetros do local ONDE E COMO deseja para ser sua moradia amanhã ou para seus idosos de  hoje;  e se propor a buscar esse local. Em princípio ele deverá ser capaz de receber seus sonhos e desejos e se ajustar a eles.



Lília Sampaio de Souza Pinto
(blog “Sementeira”, volilia.blogspot.com)

















domingo, 29 de abril de 2018

Cantiga Para Acordar

Me diga: você pode votar, dar em compromisso sua palavra e confiança para uma pessoa que deverá ser a sua voz e opinar sobre seu futuro, sem conhece-la profundamente? 
E como iremos conhecer tais pessoas dentre um conjunto de escolhidos por um  povo que tem sido, cada vez mais, jogado ao chão e pisado em cima, na saude, nos valores morais e éticos, na educação e sobretudo na própria necessidade de alimentação e sobrevivência? De autoridades que prometeram e mentiram se aproveitando da ignorância, boa fé e crença daqueles que neles votaram sempre, sempre e sempre, até acabarem com os bens, as riquezas, o bem-estar daqueles que trabalharam e tentaram resguardar pela poupança um futuro digno porque as aposentarias cada vez mais não são suficientes para sobreviver?

Gente de nossa nação, amigos e irmãos, nossos votos não dependem de nossos interesses materiais e pessoais! Eles não têm como preço a promessa de um emprego ou cargo público, alimento ou “bolsas” para hoje! O seu valor é muito mais precioso do que um bem material para o agora! Nele, no nosso voto, estão nossas esperanças no futuro e não num prato de comida e/ou numa casa com vazamentos!O seu valor está na nossa vida no Amanhã, quando estivermos velhos precisando de apoio maior do que uma bengala e um quarto ou corredor de hospital! É o investimento no nosso futuro e no de nossas famílias; no mundo onde nossos filhos e descendentes vão enfrentar suas lutas para que tanto o povo como o país conquistem um lugar merecido como parceiro respeitado entre os outros povos. 

Vocês não viram, ainda, que estamos com “a faca e o queijo nas mãos”  nesta eleição que se aproxima? Que somos os verdadeiros “donos” de nosso país? Que ele será Aquilo e Como quisermos que seja? E que não podemos ficar de braços cruzados vendo a “banda passar”??? Somos parte do processo e comandantes das mudanças que forem feitas. “Mas”, poderão dizer vocês, “ não estamos preparados para a política, não entendemos nada dessa roubalheira generalizada que cai de todos os lados sobre nossas cabeças! Não podemos fazer NADA, só rezar, esperar e escolher os que nos PARECEREM ser melhorzinhos ...e, se Deus assim o quiser, antes que mudem de lado por manobras políticas, por força da ganância ou medo das ameaças”.

Nossa situação de povo votante, assim parece não ter saída! Problemão! Mas que, como todo problema, se tem uma origem, então deverá ter uma solução. Cada brasileiro, sozinho, realmente é impotente! Mas somos milhões e nossa causa, nossa necessidade e interesse de sobreviver a uma crise imensa, é muito forte e comum a todos! 
Então os únicos opostos ou “ partidos”  que existem são: de um lado o Povo e de outro os Políticos e sua pressão ( dada pelos votos do povo) sobre o governo e tão ignorantes são que não perceberam que senão hoje, sem dúvida no futuro, serão  também sempre parte desse mesmo povo que está prejudicando! 

Pronto!  Somos o povo! Já temos um ponto de partida, um Primeiro Pilar de Força: SOMOS MUITOS E ESTAMOS UNIDOS NUM PROPÓSITO COMUM: melhorar nossa vida de “gente” e não de “ material” a ser utilizado em campanhas políticas. Este propósito está acima de partidarismos. Por que, então, tantos partidos que dividem os brasileiros em grupos de  “cores e bandeiras“, “palavras de ordem” e “simpatias” políticas, se para nós é nossa VIDA que está em jogo e não apenas a dos partidos? E neste sentido, Todos os Partidos são iguais. Embora sob nomes e caminhos diferentes, todos procuram encontrar nosso bem-estar, não só no presente mas principalmente no futuro! 

Então encontramos  um Segunda Pilar de Força: não somos somente milhares unidos em um propósito, o de escolher nossos candidatos, mas também SOMOS UM SÓ EM NOSSA CIDADANIA, tanto  hoje como no futuro. Queremos votar em quem realmente nos coloque, Para Sempre, participantes nas decisões dos governantes de nosso país! Cada um é uma voz, uma força que se somará e se fundirá às outras, tornando-as cada vez mais esclarecidas e atuantes.

Mas, parece que uma grande barreira ainda continua: eu sou uma força, posso aumenta-la me juntando às outras que são iguais à minha. Portanto, somos uma força imensa juntos. Mas e daí? O que faremos com ela? Como a aplicaremos para alcançar nossos  propósitos? 
Pensando bem, podemos encontrar um terceiro “pilar para o sucesso” ( como dizem os brilhantes Ricardo Geromel, dr.Augusto Cury e Mauricio Benvenutti  em “ Como ser Extraordinário”- StarSe ) para garantir que os resultados das eleições serão a resposta que queremos para o Brasil.
A tecnologia é hoje, uma Terceira Força  capaz de aproximar o mundo, de colocar ao alcance do homem os outros homens, sua vida, seus conhecimentos, suas forças e suas fraquezas. 
Logo chegará o dia da escolha; de apontar o eleito que vai ter as qualidades políticas para falar, brigar e convencer seus pares por nós, nossa voz em todos os escalões do governo.  NOSSOS CANDIDATOS DEVERÃO SER SEMPRE NÓS, PRESENCIAIS OU VIRTUALMENTE PRESENTES.
Mas, ainda, como faremos para conhece-los? Para os encontrar nos ninhos das cobras? Algumas regrinhas podem ajudar:

A - Policiar, limpar nosso interior. Deixar de lado as energias negativas que vêm embutidas em falsos pretextos tais como: 

1a. o PESSIMISMO( “impossível, não vai adiantar porque tudo vai continuar, para que? Mudam os nomes e vai ser a mesma coisa!”); 

2a. o COMODISMO ( “estou cansada de ouvir e ler sobre terrorismo, mentiras, corrupção nos meios de comunicação! Bater papo, ver filmes e novelas é bem melhor para a minha saúde e o meu humor!”) e 

3a. o NEGATIVISMO ( “Chega de coisas ruins na minha vida, nem abro mais notícias de política, só vejo o que é o bem, o agradável, a mídia está cheia de porcarias!”).

Raciocínios como estes são máscaras sociais de “ bonzinho” que facilitam encontrar um Bode Expiatório para possíveis fracassos eleitorais.

Ótimo! Sabe por que acontece isso? Porque, como a maioria, você e eu estamos no fundo de um poço, numa situação de conflito entre nossa importante e difícil responsabilidade de cidadão que deve tomar parte na construção do futuro e o desconfortável sentimento de inferioridade por nos sentirmos impotentes,  “amarrados” em dificuldades além  de nossas forças para tomar decisões corretas. Facilmente, sem se desmerecer perante amigos e a sociedade, você pode, do alto da sua superioridade, concluir: “eu só, não sou o dono do mundo; não depende de mim achar a perfeição; não voto em ninguém ou anulo meu voto e, pronto, fiz a minha parte e não dei voto a nenhum deles”. Puro auto-engano! Se não usou, do mesmo modo validou seu voto! Você o deu para aquele que estiver à frente no ranking. É o você queria? Elegantemente conseguiu!  Isto é, tirar de você a responsabilidade e passa-la a outros, bodes expiatórios para os possíveis fracassos resultantes. 

B - Conclusão: não há como fugir à responsabilidade de votar bem sem responsabilidade nem deixar de votar sem culpa! Ainda mais porque estão, à nossa  frente, os meios para selecionarmos, sem conhecermos pessoalmente, aqueles com maior probabilidade de ser o melhor para o que precisamos. Existem aplicativos que nos darão o perfil pessoal, político e criminal de cada candidato. Se entrar no “santo google” poderá encontrar informações até mais minuciosas do que esperava! 

Diante de uma comparação fria e objetiva, SEM  preconceitos partidários, nem GANÂNCIA despertada por promessas falsas, vamos elaborar uma tabela de qualidades e defeitos na vida pregressa de cada um. Quem tiver mais pontos irá ser nosso candidato! ( só para relaxar: imagine como eles irão se virar para montar uma campanha que nunca irá conseguir Mudar seu Passado!).

Vejamos, então! Estamos realmente com a faca e o queijo nas mãos! Daqui para a frente, nada será impossível para um povo que conhece sua força e pensa em comum acordo: por exemplo, “ cortar as gorduras” das imensas classes políticas que sobrecarregam com milhões nosso erário destinado à saúde e a uma verdadeira educação ... e por aí afora! 


Aos que leram este vasto texto, meus agradecimentos e parabéns por serem - concordando ou não com ele - colaboradores, talvez enriquecendo-o com críticas e boas  sugestões. São meus amigos no velho e sadio idealismo, acreditando em nossa força e nesta nacionalidade brasileira tão multi-diversificada mas sempre unida em sua fé e esperança no Brasil e na vida da espécie humana na Terra.
 
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