domingo, 24 de julho de 2016

A Pressa e a Violência na Vida do Idoso

  A sociedade humana precisa se conscientizar mais da importância da qualidade de vida do ser humano como uma das condições para reter os melhores elementos necessários à evolução da espécie  e transmiti-los através das gerações. Essa  necessidade resulta da observação de que, a partir de certo momento da vida muitos valores e qualidades desejáveis começam a se mostrar cada vez mais desgastados sob a influência de fatores sociais desfavoráveis especialmente a pressa e a violência. Os resultados desses desgastes vão afetar a vida do homem principalmente a partir da etapa denominada carinhosamente - ou ironicamente - "terceira idade".

Esse crescente processo de deterioração é acompanhado - e aparentemente a causa - de  um distanciamento cada vez maior entre seu comportamento e o das gerações mais jovens, tanto no aspecto social como no físico e psicológico.

Pode ser observado, também, que a velocidade das mudanças sociais decorrente dos avanços das ciências e da tecnologia, acentua ainda mais o descompasso entre essa pressa no viver do jovem e o ritmo de vida do idoso. A combinação de dois fatores: de um lado, a vida naturalmente ativa dos jovens e, de outro, o avanço das descobertas que introduzem novas maneiras de responder aos desafios do viver, pode ser vista como um fator de violência para a vida do indivíduo idoso na medida em que ele reage com dificuldade crescente aos estímulos que apressam o ritmo de sua vida na sociedade.  

Mas, em que sentido a PRESSA e a VIOLÊNCIA podem afetar negativamente a vida da população que envelhece? 

Vemos que Pressa é uma palavra originária do latim, pareticípio passado de "premere" (apertar) e significa ausência de calma, falta de paciência, correria. Por sua vez Violência se refere à ação ou efeito de empregar força física ou intimidação moral sobre alguém ou algo, o ato de usar conscientemente a agressividade contra um ser vivo. Portanto, toda ação consciente, voluntária, intencional ou não, que cause sofrimento a alguém, é um ato de violência e vai produzir consequências.

Esses significados contêm elementos para justificar que pressa e violência podem estar ligadas entre si em termos de decorrência. A pressa pode frequentemente  levar à violência, porem nem toda violência é causada apenas pela pressa. A violência pode também ser consequência de plano e premeditação, portanto, de maldade consciente e intencional, sendo, então, um crime estabelecido juridicamente pela sociedade como doloso, isto é, com intenção, com dolo.

Mas, em que medida o ritmo do progresso e a violência social estão relacionados ao processo natural de envelhecimento? A resposta vai depender do que significa para nós o processo de envelhecer.

Em nossa língua - de maneira imprecisamente definida - idoso significa com muita idade, velho. Tal qualificação, normalmente ao alcance de qualquer pessoa,  a um simples olhar, decorre de características mais ou menos aparentes em aspectos físicos, fisiológicos e psicológicos de um indivíduo. Elas se traduzem especialmente em mudanças decorrentes da diminuição das capacidades de enxergar e ouvir, assim como em aspectos corporais tais como a perda de cabelos, de massa muscular e óssea aparentes no enrugamento da pele, na diminuição da altura e na postura. As mudanças psico-fisiológicas são demonstradas por decréscimo de coordenação motora e funções cerebrais tais como confusões de raciocínio e memória. 

Embora atualmente sejam muitos os estudos e pesquisas no campo da geriatria (que foca o estudo e tratamento de doenças e incapacidades em idades avançadas) e da gerontologia (que estuda o envelhecimento em si), ainda não estão nitidamente definidos os limites da qualidade de vida determinados pela idade cronológica e pelos fatores que contêm as origens e a evolução do processo de envelhecimento. Vários estudos têm demonstrado que podem ocorrer mudanças inesperadas nesse ritmo de decréscimo  da qualidade de vida de indivíduos em várias etapas de envelhecimento. Através da introdução de estímulos adequados, tem sido possível interferir no processo de deterioração, melhorando a  qualidade de vida. 

O que sabemos com certeza é que se é possível  afirmar que nenhum ser humano assim permanecerá para sempre, também podemos com certeza dizer que não há  previsão exata da evolução e da duração da vida do homem. A própria Física Quântica, por enquanto, tem apenas aflorado o processo das direções e mudanças que ocorrem nos feixes de energia que determinam a vida e a não-vida,  considerando que uma contém e está contida na outra pois ambas são apenas uma mesma energia que sofre mutações.

Assim, somente à primeira vista, a importância da pressa, da violência social e do processo de envelhecimento, se refere a processos isolados. Qualquer idoso estará sempre pronto a lembrar-se de episódios que lhe causaram diferentes formas de sofrimento e violência, decorrentes da pressa. Muitas vezes no seio de sua própria família isso acontece através de gestos e palavras que demonstram  falta de atenção, ironia, desprezo e até mesmo desconsideração. Nos espaços públicos, pelo menos alguma vez, todo idoso já sentiu na pele e na alma o desprezo do esbarrão, a humilhação de palavras ofensivas sussurradas às escondidas, o fingimento de não ouvir para não responder, o descaso da sua existência pelo esquecimento no isolamento das conversas e assuntos discutidos. Cada vez com maior frequência o idoso vai se sentindo violentado pela demonstração de impaciência em razão da sua crescente lentidão ao produzir uma resposta ou executar uma tarefa. Especialmente na vida familiar das mulheres idosas essa impaciência tem impedido a realização de pequenas atividades gratificantes dentro de seu lar,  antes corriqueiras, tais como caminhar, auxiliar no preparo de uma refeição, passar uma roupa ou limpar o pó de um móvel, sob pretexto de exposição a perigos de quedas, queimaduras ou a exigência de horários. São violências quase sempre sem maldade que decorrem de cuidado, de pressa,  das condições da vida, dos usos e normas sociais, mas que deixam um travo de amargura e desespero.

Na dependência dos valores morais e éticos vigentes em cada núcleo familiar assim como, frequentemente, das boas ou más condições econômicas da família, as violências podem extrapolar os limites da pressa, das exigências do trabalho diário e alcançar a maldade da violência-crime contra o idoso, desde os intencionais maus tratos e sofrimentos físicos até os  morais e psicológicos. Mas, no geral, a maioria das violências do dia a dia tem origem na ignorância dos adultos e imaturidade das crianças e jovens. São violências quase inconscientes do mal praticado. É fácil observar que aquelas crianças e jovens mais "ligados" a idosos, isto é, que se interessam pela vida e necessidades de  parentes idosos ou que estão familiarizados com o trabalho de entidades assistenciais para idosos, têm um comportamento diferente, compreensivo e amável.

Cabe aqui uma indagação importante para nós, enquanto cidadãos de um país com características econômicas e sociais específicas, diferentes principalmente daquelas de países do primeiro mundo: Essas formas de violências contra os idosos existem apenas no Brasil? Em todas ou algumas regiões ou localidades?

Uma simples visão geral da vida da população idosa no mundo todo mostra que os problemas são similares, apresentando diferenças apenas quanto a maneira da sociedade ver o idoso e das condições a ele fornecidas para o seu convívio. Ao lado de populações onde a violência social  contra o idoso pode chegar ao martírio e à morte, coexistem aquelas  onde o idoso é respeitado por seus conhecimentos e experiência, onde é preocupação das novas gerações dar-lhe condições privilegiadas de vida. Existem ainda, em menor número,  casos em que as maiores violências contra o idoso são causadas por ele próprio, por sofrimentos psicológicos que levam à depressão, muitas vezes somatizados e auto-impostos, desencadeados por problemas sociais, familiares ou pela maneira que o idoso recebe e aceita a inevitabilidade do processo do envelhecimento e da morte. Aparentemente, muitos desses polos de violência têm também relação com a distribuição sócio-econômica dentro do país. Observamos que, frequentemente, nas populações rurais assim como nas de classe média-baixa, os idosos parecem sofrer menos com problemas psicológicos de velhice e ter maior qualidade de vida quando participam de atividades manuais ou artesanais colaborando com a renda familiar. No caso do homem esses resultados podem estar relacionados ao fato de seu trabalho ou emprego estar mais próximo de seu espaço familiar, de suas amizades e atividades comunitárias, mantendo sua moradia mais distante do ritmo violento da vida nas cidades grandes.

Portanto grande parte dos problemas que levam à perda da qualidade de vida do idoso está relacionada ao âmbito espaço-temporal da sua comunidade.  Embora culturalmente importante, a aceleração das mudanças produzidas por uma geração cada vez mais jovem e ativa, representa para a qualidade de vida do idoso um  aspecto negativo que é o de acentuar na mesma ordem a sua dificuldade em acompanhar o  ritmo de vida da sociedade. A violência social surge pelo rompimento com antigos hábitos e conceitos e pela introdução de novos sem a necessária condição de habilidade para o seu domínio.

Se não podemos nem devemos parar ou retardar o movimento do progresso, podemos buscar na sociedade condições mais compatíveis com o nível de capacidade dos idosos a fim de colocar  a seu alcance instrumentos que o aproximem das exigências do progresso.

Daí, tão importante quanto a primeira, é nossa segunda indagação: Será viável à sociedade estabelecer medidas que tornem mais justa, honesta e civilizada a vida do idoso na comunidade em que vive? 

Essa pergunta nos remete a um conhecimento mais profundo do idoso, de sua vida e experiências passadas, de suas necessidades, preferências, habilidades e vocação. Ora, a fonte para o conhecimento do idoso é, necessariamente, o próprio idoso. Assim, todo levantamento para pesquisar nesse campo deverá ter por base a qualidade de vida segundo as informações dos idosos. Neste sentido são da maior importância programas de atividades com os idosos para a obtenção de dados relevantes que definam  sua qualidade de vida. Sabemos que o envelhecimento é um processo natural da vida mas a importância que cada comunidade atribui a ele é que vai determinar a maneira de tratar seus idosos. Atualmente vem ganhando força e relevo a necessidade de escolha do local onde o idoso possa viver com uma boa  qualidade de vida. Nesse sentido muitas cidades vêm sendo classificadas pela organização dos benefícios que podem prestar ao homem a partir da sua "terceira idade" de vida. Dentre as melhores, figura Santos, cidade brasileira situada no litoral sul do Estado de São Paulo, Brasil.

Dos vários movimentos que têm sido desenvolvidos pela sociedade santista, com vistas a conhecer e ajudar os idosos, um dos mais bem elaborados em termos de planejamento e execução são os realizados pelo SESC (Serviço Social do Comércio). Desse trabalho, desenvolvido em várias fases e modalidades no decorrer de cada ano, podemos citar a título de exemplo uma etapa de um deles que tratou da "Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa", realizada no SESC-Santos, neste ano de 2016 no período de março a junho. Sob diferentes  perspectivas, profissionais e pesquisadores em várias áreas abordaram problemas relacionados aos idosos. As atividades incluiram sempre palestras seguidas de bate-papos e entrevistas com idosos de diferentes idades. Os dados obtidos, analisados e trabalhados deverão ser incluídos em pesquisas e estudos para o estabelecimento de programas e medidas capazes de  melhorar a qualidade da vida individual e social dos idosos. Outro exemplo de preocupação com a qualidade de vida da população idosa de Santos é a admirável iniciativa da Prefeitura ao criar um Espaço do Idoso, local que oferece um conjunto de atividades físicas e culturais capazes de fazer dançar de alegria qualquer velhinho/a de 90 anos. E nossos governantes foram alem disso e construíram uma nova Policlínica que inclui espaços para atividades de cultura, esporte e lazer aos idosos.

A nós interessa aqui analisar algumas idéias sobre certos comportamentos  sociais capazes de modificar a vida do idoso reduzindo os efeito de fatores responsáveis pelo desgaste de sua qualidade de vida. Pretendemos alertar a sociedade para o fato de que a chegada e a evolução da chamada velhice pode apresentar muitos de seus aspectos característicos e sofridos em grande parte decorrentes do próprio comportamento social. Tais aspectos não só podem como devem desaparecer ou serem  retardados através de medidas adequadas. Dentre os fatores sociais, consideramos dois que parecem ser os mais estreitamente relacionados à evolução da vida humana e sua qualidade. A MORADIA e a MOBILIDADE.

A definição de Moradia vem de um velho e antigo conceito como o local mais ou menos permanente onde o homem vive. Esse "viver" era entendido como residir, isto é, o local onde o homem produzia e colocava sua família para protege-la e onde amealhava e guardava os meios de sua subsistência. 

Com a evolução,  os sentidos espaço-temporal, psicológico e social de moradia se estenderam para fora da residência e hoje alcança um significado mais amplo. A identidade da moradia passou a abranger a comunidade e o local do trabalho, tanto do homem como da mulher, seu espaço de lazer, enfim, o local de convivência com o mundo ao seu redor. É comum o homem sentir sua identidade ligada ao local, bairro ou cidade onde mora. Nas cidades grandes, para o trabalhador moderno o local de trabalho por vezes até funciona como sua residência, onde ele dorme e faz suas refeições. Com este  sentido mais amplo,  a moradia passa a ter um dos significados mais importantes para aquele  indivíduo que ao longo dos anos construiu sua história de vida através de uma identidade e um perfil social.  É fácil, então, compreender a relação entre uma mudança na atividade profissional de um indivíduo idoso e as reações que ela irá provocar no seu espaço de moradia assim como os reflexos dessas mudanças em sua qualidade de vida.

Um dos mais importantes fatores que atingem a qualidade de vida na terceira idade é, portanto, o conjunto de consequências  que resultam do seu afastamento do trabalho produtivo e da convivência social diária num ambiente cuja identidade fazia  parte de sua moradia.  Isso é válido também para a mulher que trabalha fora do lar, mas com menores danos na sua qualidade de vida em razão das características de versatilidade do trabalho que desenvolve no lar e fora dele. Daí a aproximação que normalmente é estabelecida entre a aposentadoria e os efeitos do envelhecimento.  Há necessidade, portanto, de a sociedade proporcionar  ao idoso os meios necessários para que,  na medida do possível, ele possa manter ou substituir sua antiga relação família, trabalho e espaço sócio-cultural de forma a manter e/ou melhorar  sua qualidade de vida.

Outro aspecto na vida do homem, ligado ao da moradia em termos de motivos e meios,  é o da Mobilidade. Não basta a sociedade compreender a importância de oferecer ao idoso as condições de espaço e atividades onde ele se sinta recebido com afeto, como membro de grupos cujos interesses e motivações sejam basicamente  semelhantes às suas, onde ele continue a sentir-se um cidadão útil perante a sociedade e a família.  É preciso, alem disso, dar ao idoso os meios para alcançar e usufruir desses bens e, nesse aspecto, podemos considerar duas fases ou etapas que devem ser estudadas e tratadas consecutivamente: Em primeiro lugar, como já relatamos no exemplo do SESC e da Prefeitura da cidade de Santos, conhecer a  natureza dos ambientes que o idoso poderá frequentar e planejar as atividades que neles poderá realizar. 

Para a segunda fase, a da operacionalização, serão necessários alem do oferecimento das atividades e seus recursos o dos meios a serem utilizados para alcançar os locais onde elas serão realizadas. Significa o estabelecimento da logística dos deslocamentos, isto é, das caminhadas e/ou transportes, horários,  períodos de tempo necessários e suficientes etc.a fim de que os meios de locomoção estejam ao alcance dos idosos interessados. 

O preparo fisico, psicológico e social do idoso para as  praticas, deverá ter início com a antecedência necessária ao desempenho das varias atividades através de exercícios, palestras e diálogos e continuará de forma constante e permanente a fim de garantir uma relação saudável entre as atividades culturais e as suas condições físicas e mentais.

A título de sugestão apresentaremos uma proposta para oferecer uma maneira honrosa ao idoso de alcançar os locais que ele pretende ou precisa alcançar e por diferentes razões não consegue. 

Sabemos que, com base em leis municipais, estaduais e federais, geralmente os idosos têm  direito a um certo número de assentos gratuitos em transportes públicos. Já nos referimos aos problemas envolvidos nessa prática, tais como as frequentes violências morais, até mesmo físicas pelo desrespeito a essas leis, sem contar o despreparo de motoristas apressados.  Se, para fugir aos transportes públicos o idoso resolver aproveitar os benefícios de uma caminhada, logo será desestimulado pela violência do trânsito no trajeto. A velocidade do ritmo da vida urbana com seu trânsito complicado e barulhento, entre o verde e vermelho de semáforos de três tempos, buzinaços e os atordoantes apitos de saídas de garagens em cada prédio, alem do estado dos calçamentos das vias públicas,  são violências  mais do que suficientes para fazer o idoso chegar ofegante e transpirando ao final de sua jornada, jurando desistir de intenções do tipo que motivou sua saída.

Ele até poderia apreciar um bom momento na biblioteca ou o encontro com amigos para uma conversa e cafezinho na lanchonete, mas...esses lugares estão tão longe de casa...! E as distancias que devem ser vencidas parecem aumentar a cada ano...

O que ele pode fazer com certeza é aproveitar a caminhada num parque, numa praia ou frequentar um local com atividades físicas e culturais.  Ainda para isso ele precisaria chegar lá e mais uma vez a sua motivação desaparece, perdida na lembrança dos tipos de dificuldades que ele precisará vencer pelo caminho.

Os relatos de perigos, acidentes e dissabores enfrentados na sua locomoção diária na  cidade onde mora, já deixariam clara  a importância de melhores condições de mobilidade para o idoso recuperar, manter e melhorar sua qualidade de vida e assim compartilhar de igual para igual do que as autoridades oferecem aos seus cidadãos. 

Afinal ele ainda se sente capaz de contribuir com sua experiência e conhecimentos para a cultura de sua comunidade num processo de troca do saber vantajosa para ambos. No fundo ele sente que tem algo mais do que os jovens, algo que estes só irão adquirir se e quando aprenderem a incorporar as experiências da vida ao acervo que irá dar a cada um sua sabedoria pessoal  A sabedoria de cada indivíduo, acumulada no processo do viver é o que dá sentido à vida, a semente a ser incorporada aos seus descendentes como prova de que ele não existiu em vão.

Podemos então concluir que todo esforço da sociedade para melhorar a vida de sua população idosa retorna em melhoria para a comunidade como um todo. Daí o objetivo prático deste trabalho, tendo em vista a população idosa - que, diga-se de passagem, já não é pequena - da cidade de Santos.

Sugerimos um estudo sócio-econômico da mobilidade dos transportes urbanos da  cidade a fim  de introduzir um procedimento que a meu ver - na perspectiva de uma idosa e curiosa moradora - poderá contribuir para melhorar a qualidade de vida da população na faixa da terceira idade em diante, e que poderá  retornar em benefício para a vida dos jovens e da classe trabalhadora.

A constatação das dificuldades de locomoção encontradas pelos idosos deixa claro que, apesar da otimização dos esforços da sociedade uma importante lacuna permanece. Santos oferece "o que"  e ensina "como utilizar"  modernos recursos de cultura física e mental aos "jovens" da terceira idade em diante mas não facilita o seu acesso a todos os idosos.

A fim de completar a extraordinária contribuição da sociedade e da prefeitura aos idosos da cidade de Santos, sugerimos a oferta de "como alcançar" esses bens com a criação de mais um meio de transporte, destinado exclusivamente aos idosos a partir dos 60 anos ou mais. Faço aqui uma observação que julgo da maior importância: Este limite necessitaria de estudos uma vez que atualmente a faixa de 60 a 90 anos não apresenta tanto quanto antigamente características semelhantes de envelhecimento. A diferença entre idosos de 60-75 anos e os de 75-90 em termos de desenvoltura física e agilidade mental, hoje é muito grande. Talvez uma subdivisão em grupos etários ("3a. e 4a. idades") fosse mais adequado do que apenas a designação "60 anos em diante", tendo em vista as dificuldades intrínsecas a cada atividade a ser executada.

Esse transporte seria representado por micro-ônibus em número suficiente para atender deslocamentos com intervalos de duas em duas horas no período das 07 às 23 horas. Cobririam oito vezes ao dia, linhas que percorreriam as principais ruas e avenidas da cidade. Os aspectos técnicos de um projeto neste sentido, assim como sua viabilidade, naturalmente ficariam a cargo de especialistas e profissionais no âmbito municipal.

A nós, idosos, competiria analisar e experimentar os benefícios e a praticidade dessas medidas tendo em vista nossas necessidades e competências. O que de minha parte posso dizer é que em nosso ritmo de vida a pressa não mais existe e o período de transporte a cada duas horas é suficiente para nossas necessidades de compras, farmácias, agendamento de consultas e exames laboratoriais dentre outros. De outro lado, pensando em lazer, estudos, programas culturais e viagens, tal periodicidade cobriria os horários diários em que essas atividades são normalmente programadas. Aos jovens e trabalhadores caberia os aplausos uma vez que se livrariam da lentidão incomodativa dos idosos e teriam maior disponibilidade para seus trabalhos e negócios. 

Tendo em vista a importância e extensão de um plano desse tipo podemos dizer que a cidade de Santos tem condições suficientes e requisitos necessários para ser a pioneira em um projeto que, mais do que uma medida social visando  melhorar a qualidade de vida do idoso, poderia ser o início de uma mudança no comportamento da sociedade e de uma nova filosofia de vida.  Ele levaria o idoso e a sociedade da qual faz parte a redefinir seus conceitos de vida individual e social,  a descobrir uma nova dimensão da importância e praticidade de sua relação com o mundo e com a natureza. Finalmente, a adquirir conhecimentos para valorizar cada etapa da existência humana e em especial a da velhice à qual, na melhor das hipóteses todos um dia alcançarão.                                                       

terça-feira, 12 de abril de 2016

Quem Sabe Levanta a Mão!


Vocês estão preocupados com a situação de nosso país? 
 
Pois eu estou...e muito, porque não vejo saída para esta crise imensa. Ela vem evoluindo com o aumento crescente de violências, insatisfações e reivindicações. Você não sei, mas para mim são respostas esperadas aos desmandos e corrupções políticas e econômicas. Elas mostram que de nada têm adiantado as "propinas" disfarçadas do governo - por exemplo, através de medidas aprovadas às pressas, de doações para diversas organizações e classes, no país e no exterior, de superfaturamentos, nas tentativas de "comprar" votos para manter o governo atual.  

que fazer?  

Com as eleições às portas, o povo precisa demonstrar seu amadurecimento e ver, por detrás das aparências, a fragilidade dos "arranjos" provisórios. O brasileiro precisa começar a pensar a médio e longo prazo, num Brasil para seus filhos, na herança pátria para seus descendentes. Não pensar apenas nos "presentes" de hoje que terminam por sair de seus próprios bolsos nas formas de inflação, corrupção, impostos e taxas exorbitantes, mas pensar em segurança para hoje e amanhã também.  

As Olimpíadas nos trazem alegria? É o que o brasileiro está precisando para "empurrar com a barriga" problemas graves de difícil solução? Todos sabem que é válida e gratificante a satisfação de sermos admirados por diversos povos... Mas não será muito melhor mantermos esse respeito e admiração por razões mais nobres do que apenas as Olimpíadas? Isso só será possível em resultado de nossas atitudes - principalmente de honestidade, ética e moral - diante desta crise e principalmente através da escolha de nossos representantes.  

Mas o ato do voto (com base na confiança) não termina com a votação. Não é apenas uma escolha e não fica concluído com o registro de um nome. Ele continua na responsabilidade de acompanhar, julgar, aprovar ou cobrar o cumprimento dos compromissos assumidos nos diferentes níveis do governo. Para que isso seja feito de maneira séria e honesta, pensando no futuro do país sem dar oportunidades à necessidade de encontrar " bodes expiatórios" para justificar fracassos, cada brasileiro deverá aprender - lendo, se informando e discutindo - a Disciplina do Viver que envolve não só o conhecimento de seus direitos e deveres como cidadão mas também a vida pregressa dos candidatos aos diferentes cargos do governo. Afinal, até os animais se preocupam, não apenas em ter seus filhotes em um lugar confortável para si próprios, mas seguro para a proteção e conforto de sua prole enquanto cresce. No entanto o homem, com sua inteligência, conhecimentos e habilidades se embrenha em competições vazias, lutas por um poder tão efêmero quanto a vida, violências e explorações que não respeitam a fé, a fome e a idade.  

Devemos pensar no que já mudou e no que pode ser feito para melhorar o nosso país. Se o indivíduo é o menor elemento pensante da humanidade e a família representa a célula-mãe da sociedade, será pela ação de cada indivíduo em sua família, com seus amigos e a sua comunidade que começará a mudança para o futuro. Centrado na honestidade e na realidade do hoje tendo em vista o amanhã, cada um deve refletir, conhecer e agir, sem ninguém se omitir. Somente assim o Brasil encontrará a estrada certa para a recuperação e o progresso. É a partir da observação, de críticas e sugestões, da comunicação e da fraternidade que os homens poderão se entender e um dia formar a Comunidade Mundial dentro do Universo do qual depende a sua existência e a de todas as espécies. Quem tem uma sugestão a propor, que levante a mão...e comece a comunicar-se: por escrito, missão religiosa, trabalho voluntário, dança, viagens, escolas filosóficas, grupos de estudo e meditação, palestras, artes, enfim todos os caminhos são válidos quando levam à Origem: o Amor e o Bem.

domingo, 20 de março de 2016

Intenção Divina ou Confusão Humana

“Quem dá aos pobres, empresta a Deus"

 "Melhor do que dar o peixe é ensinar a pescar"
Ao assistir a entrevista de um francês, brilhante especialista em problemas sociais transmitido pela Globo News,                                                           ouvi uma citação que incidiu, como um foco de luz, sobre a crise política social e econômica que o Brasil vive hoje, colocando suas peças caóticas em seus devido lugares:
Disse ele: "QUEM PAGA A ORQUESTRA ESCOLHE A MÚSICA"
Ora, sob a forma de governo, o PT "paga" aos trabalhadores necessitados: cesta básica, bolsa família, bolsa desemprego, pensão cadeia, etc. No entanto, isso tudo nada mais é do que um direito do trabalhador, direito pelo qual ja pagou ou paga, a devolução de uma pequena parte do dinheiro que foi ou é tirado dele sob a forma de impostos, taxas, sindicatos, etc. sem contar com a defasagem do que pagam em fundo de aposentadoria e o que recebem em forma de pensão. 
As bolsas e pensões são direitos de cidadania do trabalhador assim como o são também a sua educação gratuita, o seu preparo para aquele emprego para o qual tem aptidão e vocação, o cuidado gratuíto de sua saúde e tratamento em casos de acidentes e desastres.
Quem dita o comportamento dos trabalhadores diante da política do país deve ser   o conhecimento, a ideologia e a crença em valores democráticos e, não, a simples necessidade de sobrevivência, quando a perda da "ajuda" do partido político do governo lhes trará o desemprego e mais miséria. Essa ajuda,  para melhorar suas condições de vida muitas vezes sem trabalhar, apenas piora suas condições uma vez que, dentre outras, fomenta o aumento da natalidade e da criminalidade assim como energias negativas que levam ao temor, ao ódio e à inveja.
O desvirtuamento da maneira como um governo onde existem corruptos cuida do seu povo e onde há uma verdadeira democracia é o mesmo que o da confusão entre o sentido do "Dar" nas palavras divinas e, frequentemente, a sua interpretação humana.
No tempo em que essas palavras foram ditas, provavelmente significavam o dar-receber alimentos. Hoje " dar alimento" está associado a "receber esmola" cujo sentido é depreciativo, humilhante e até desestimulador, pois significa que quem "recebe" não está capacitado a obter por si próprio o  que foi "doado". São significados negativos que trazem a inveja, o ódio, a violência e a vingança; são as energias negativas que destroem valores do indivíduo e de seu mundo. 
O sentido do dar-receber que produz sentimentos carregados de energias positivas é o que advêm das oportunidades para conquistas com o próprio esforço, da auto-estima, da aprovação e respeito  despertados nos amigos e conhecidos e dos encargos e responsabilidades recebidos pela crença  nos valores individuais.
As mudanças culturais na modernidade mostram bem essa diferença quando se analisam as causas das revoluções e guerras decorrentes de  fanatismo religioso, da ganância, do valor econômico do dinheiro e dos cargos políticos, da fé religiosa e do poder dos interesses  de grupos empresariais na manipulação das decisões do povo através do voto.
Então fica simples concluir: Se acabasse a c orrupção dos participantes do governo e de empresas, ou seja, dos "mandantes" da nação, acabaria a fonte - dinheiro - que mantém a própria corrupção. Não havendo mais dinheiro suficiente para "PAGAR A ORQUESTRA" (é só olhar os rios de dinheiro canalizados para o exterior e para bolsos particulares de políticos e empresas), a "MÚSICA" não seria mais imposta ao povo. 
Para isso é necessário que operações de limpeza tais como, por exemplo a OPERAÇÃO LAVA JATO sejam concluídas assim como outras operações anti-corrupção sejam iniciadas e levadas até o final. Assim o Brasil conservará o erário que lhe compete em bens e riquezas naturais.
Se, a par das medidas jurídicas saneadoras, fosse estabelecido um planejamento de politização popular, ficariam claros os significados dos valores sociais e individuais envolvidos nos problemas de governo, principalmente  os das FUNÇÕES DOS CARGOS POLÍTICOS PÚBLICOS, dos DIREITOS E DEVERES DO PRESIDENTE E DO CIDADÃO, o SIGNIFICADO DE DEMOCRACIA e, principalmente, os CANAIS DE COLABORAÇÃO DO POVO no gerenciamento da democracia. Tudo feito de maneira simples, concreta e pratica.
Poderiam ser utilizados os recursos da mídia, de publicações, da Internet e de grupos comunitários de estudo e debate. 
A base logística desse planejamento envolveria curto, médio e longo prazos cujos resultados esperados deveriam corresponder às execuções de suas partes.
De outro lado, seria necessário o aproveitamento de lideranças sábias e honestas existentes nos diferentes setores da sociedade, de autoridades, grupos e associações. Esses recursos existem e nos momentos de crise surgem e são reconhecidos quase intuitivamente pelo povo. Cabe porém, a ele, povo, garantir que  não esmoreçam e mantenham seus ideais inalteráveis através de cobrança e fiscalização. Ao povo cabe, sim, a responsabilidade do que ocorre na sua nação pois só ele pode impedir a desmoralização de seus valores. Daí a importância da politização dos cidadãos como um todo, mas nunca pela violência e imposição à exemplo dos regimes autocratas e totalitários.
Simples assim, uma palavrinha, DAR, pensada junto ao oposto que lhe confere existência, RECEBER e analisada à luz do conceito de HONESTIDADE, pode ser uma das chaves de luz para acabar com a escuridão e o caos em nossa nação.
 
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