segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Era uma vez uma mulher chamada Zoraide Camargo Sampaio

Ao escrever neste ipad lembro-me de minha mãe, para quem todo pedacinho de papel, mesmo de embrulhar pão, era um material precioso. Sempre com um lápis por perto nele deixava um "recadinho" para um filho ou neto, um poema que lembrava um momento de sua vida, um pensamento alegre pela visão da beleza de uma forma, do canto de um pássaro ou das cores da natureza. Enfim, o lápis e o papel eram o seu instrumento para registrar a sua comunhão com o mundo, com as pessoas, com a vida.
Imagino mamãe com um ipad! Seria sua felicidade completa ter o mundo nas mãos; ter seus filhos, netos e bisnetos ( já tinha três tetranetos quando faleceu com noventa e seis anos), por mais distantes que estivessem, ao alcance de seus olhos e poder com eles trocar idéias em tempo real. Poder ler tudo que desejasse sem correr bibliotecas e livrarias (quase acabou com minha coleção de Dicionário Enciclopédico Ilustrado de Júlio Ribeiro, 1826).
Zoraide, os prêmios e as honras que você recebeu do país e méritos da igreja, foram menos do que o exemplo que nos deixou pelas decisões, coragem e alegria que marcaram sua vida. Meu amor e admiração são tão grandes hoje como o foram quando estava conosco.
Tenho a certeza que meu sentimento e minhas palavras refletem, tal vez nem tudo, o que todos os seus descendentes desejariam falar( com exceção de Leny que não está mais conosco mas que assim sempre demonstrou pensar).
Nesta homenagem quero incluir nossos amigos, as famílias dos maridos de suas filhas e de seus netos que ela sempre admirou e quis bem.
Obrigada ao nosso Deus e a você, mamãe, por sua vida e pela vida que nos deu.

sábado, 1 de dezembro de 2012

A Família Homossexual: Evolução ou Retorno

A sociedade moderna parece estar, finalmente, acordando para a necessidade de encarar de frente o problema da homossexualidade. A situação atual dos homossexuais, tanto masculinos quanto femininos, está se tornando insustentável. Cada vez mais representantes dessa faixa da população, assim como de uma parte da sociedade , estão se movimentando para exigir mudanças. Essa pressão incide principalmente sobre autoridades e serviços sociais através da mídia. Mas até agora esse movimento só tem se manifestado em termos de reivindicações parciais mal definidas e passeatas.
A importância dessa questão justifica uma atenção maior no sentido de expor a complexidade e a relevância dos fatores sociais e individuais que têm mantido os homossexuais, ainda que mais ou menos veladamente, à margem da sociedade.
Uma vez que a família representa o núcleo a partir do qual a sociedade é constituída, deverá ser o casamento a porta de entrada para a introdução do conceito de família homossexual na sociedade.
É meu objetivo neste texto encontrar os fundamentos que justifiquem atribuir ao casamento um sentido mais amplo de união de duas pessoas do mesmo ou de sexos diferentes; entender a função da maternidade como uma decorrência da união sexual entre duas pessoas de gêneros diferentes ou em resultado de inseminação artificial ou, ainda, como uma função recebida através de adoção. Espero, finalmente, poder considerar a família a instituição social destinada a dar estrutura e permanência ao casamento através de leis, normas e a transmissão de valores, usos e costumes, condizentes com as características biológicas, psicológicas e sociais do ser humano.
Ora, a proposição destes conceitos para casamento e família já contém em si mesma a aceitação de que a única diferença significativa entre o casamento homo e heterossexual está no fato de, no segundo caso, ele ter mais um componente biológico, isto é, incluir a capacidade dos dois cônjuges para gerar filhos.
Na medida em que a procriação depende, por sua vez, da estrutura orgânica do indivíduo de sexo feminino e do masculino que se unem, podemos perguntar se seria apenas a diferença de gênero ou somente as funções sociais os únicos responsáveis pelo milagre do amor, do companheirismo, da proteção à família, de sacrifício e abnegação e tantos outros aspectos que justificam a proposta do matrimônio e a instituição da família.
Nesse caso, também o estudo dos fatores biológicos e psicológicos responsáveis pela formação do ser humano deverá contribuir para o melhor entendimento da posição dos diferentes gêneros no casamento e na sociedade.
Para deixar claramente definida minha proposta e seus fundamentos, este texto vai exigir muitas informações e reflexões. Portanto, julgo que deverá ser lido, de preferência, por pessoas de " mente aberta", isto é, que estejam dispostas a ler, compreender e discutir sem preconceito social, ético ou religioso, as relações entre homens ou mulheres que se buscam para construir um lar, uma família, e ocupar legitimamente seu lugar na sociedade.
Pretendemos, pois, abordar o problema da formação da família homossexual pela análise das duas forças que se fundem na formação global do ser humano: a das instituições sociais vigentes no meio em que ele vai nascer e viver e a dos elementos estruturais determinantes de seu gênero, que vão interagir na sua formação biológica, psicológica e social.

Vamos começar com um passeio pela história da vida humana em sociedade sob o foco da evolução do comportamento sexual e suas relações com os usos e costumes estabelecidos nas normas vigentes para o casamento.
- Se considerarmos que pesquisadores já encontraram atividades homossexuais em mais de 200 espécies entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e insetos, é possível esperar que tais comportamentos também deverão ter existido entre os homens pré-históricos. O documento mais antigo sobre a homossexualidade na pré-história é o achado de um esqueleto de homem que viveu entre 4.500 e 5.000 anos atrás. A equipe de pesquisa da Sociedade Arqueológica Tcheca, através de conhecimento dos rituais de sepultamento, constatou que os restos de um sítio arqueológico neolítico em Praga indicava um indivíduo de sexo masculino homossexual ou transexual. Isso foi corroborado pela arqueóloga Katerina Sewradova
- No Oriente Médio os estudos e pesquisas sobre a homossexualidade não estão em geral ao alcance do público. Brian Whitaker, jornalista que publicou um livro sobre o homossexualismo no Oriente Médio, relata como os governos censuram retratos positivos do que chamam "fenômeno repugnante" . Mas, em função de dados que aparecem mais comumente, embora sem citação de fonte, esse autor aceita, com algum fundamento, que a grande maioria dos 14 países que compõem essa região criminaliza com punições ou pena de morte as relações sexuais entre pessoas do mesmo gênero. Nos demais países não há tolerância nem aceitação pela sociedade e em raros casos há penalidade apenas para a homossexualidade masculina.
-Na China antiga, entre 960 e 1.127 , no período Sung, o lesbianismo era tolerado como o resultado natural do convívio das numerosas esposas e concubinas nos aposentos das mulheres ("efeito harém") . Entre 1.368 e 1644, no período Ming, inúmeros relatos comprovam a naturalidade com que os chineses viam a homossexualidade e a bissexualidade. Em Fujian havia uma forma de casamento entre homens na qual ambos juravam fidelidade. O mais velho se referia ao mais jovem como " irmão adotivo mais moço" O jovem ia morar com o velho e era recebido pela família como afilhado.
- No Japão, por volta de 1.637, a homossexualidade tornou-se popular sob o nome de "shudo" e aceito pelos monges e pela burguesia como uma filosofia de vida.
O conceito de amor por meninos foi desenvolvido pelos monges budistas e os samurais na época medieval com ênfase na moral e na espiritualidade.
- Segundo o Wikpedia, (em uma publicação de Kabir Altaf, " Os Hijras da India" ) antropólogos observaram que os papeis do homem e da mulher variavam significativamente entre as sociedades e que diversas sociedades ao redor do mundo têm mais de dois sexos. Entre elas figura o hijra indiano ( Schultz e Lavenda, 237 ) . Na Índia hijras são vistas como terceiro sexo e sempre existiram de forma institucionalizada. Adoram uma versão da Deusa Mãe e por ela se submetem à castração. Em troca a deusa dá a elas o poder de abençoar casamentos e crianças do sexo masculino para dar fertilidade.Também têm o poder de amaldiçoar. Embora estejam associadas com o hinduísmo, são aceitas no Islão. Praticamente todas são transexuais. A partir de 1994, quando o direito de voto foi concedido ao enuco, várias hijras ocuparam cargos políticos.
Observamos que, ao lado das punições rigorosas e intolerância vigentes na maioria dos países do Oriente Médio, em outras regiões orientais onde houve tolerância ou aceitação, a homossexualidade adquiriu um significado mais amplo do que apenas a relação sexual, pois abrangia a vida do homem ou da mulher como um todo. Então, é possível supor que, historicamente, uma visão superficial possa ter levado a um julgamento parcial da homossexualidade. É um exemplo o conceito de "anti natural" ( fenômeno repugnante) para o que era "fora dos padrões sociais" e decorrente de proibição governamental, religiosa ou de ambas. Na medida em que a sociedade passa a viver segundo valores mais abrangentes de consideração do homem, a homossexualidade tende a ser vista como uma das características da espécie humana ( conceito filosófico) .
- Caminhando para o ocidente entre os índios norteamericanos onde há mais igualdade social entre os homens e as mulheres, a aceitação da homossexualidade também é maior. O gênero não é visto com a mesma importância social que as culturas orientais lhe atribuem. Entre os nativos da América do Norte, o grupo " dois espíritos " é comparável ao dos hijras.
- Para os Maias, o homossexualismo entre homens e mulheres era considerado natural e normal enquanto para os Incas e Astecas era passível de penalidade. A lei asteca condenava à morte os homossexuais e travestis, tanto homens como mulheres.
- No Brasil, nossas informações começam a partir das primeiras expedições exploradoras. Vários relatos de antropólogos apontam a naturalidade com que os indígenas praticavam a homossexualidade.
- Na história da civilização ocidental, onde o grande número de estudos e pesquisas sobre a evolução cultural possibilita uma visão mais rica do desenvolvimento social, a questão da homossexualidade aparece pobremente representada. Lenin Campos Soares sumaria no seu estudo sobre Homoerotismo e Homossexualismo os vários significados sociais atribuídos à homossexualidade na antiguidade, principalmente nos séculos XV||| e X|X. Por exemplo, em Esparta o homossexualismo era incentivado na educação militar como parte da disciplina para cultivar a união entre os soldados. Enquanto isso, em Atenas a relação sexual entre homens da mesma idade era abominada pois implicava que um deles assumia a posição passiva da mulher, considerada inferior. Mas os atenienses aprovavam essa relação entre um homem mais velho e um jovem, que não podia ter menos de 13 e mais de 18 anos. Quando o jovem atingia os 18 anos, a relação amorosa transformava-se em amizade. O jovem procurava uma esposa, constituía sua família e, por volta dos 30 anos, era a sua vez de apaixonar-se por um rapaz.
De um modo geral, os dados obtidos parecem mostrar uma relação positiva entre o nível cultural e a maior ou menor tolerância e aceitação da homossexualidade; e que essa atitude social está relacionada à influência da instituição familiar tanto nos casos de poligamia como nos de monogamia.
- Edward McNall Burns, na sua História da Civilização Ocidental, , relata que na Renascença, com o exagero do luxo e do individualismo, o nível da moralidade caiu e os vícios mais terríveis se relacionavam com o sexo e a vingança pessoal ( a exemplo dos Bórgias).O efeito da Reforma foi menos significativo. Vários reformadores protestantes consideravam a poligamia menos pecaminosa do que o adultério e o divórcio. A prostituição tinha defensores. Buffon dizia: " No amor não há nada de bom senão o lado físico".
Se a história da civilização no ocidente evidencia a influência dos interesses do governo e da igreja na constituição e nas funções da família, nestas duas últimas épocas são raros os registros confiáveis sobre a posição da homossexualidade na sociedade e muito menos na família.
Entretanto parece clara a relação entre o nível cultural e a aceitação da homossexualidade e que essa atitude social está relacionada à influência da família.

Propomos então, com Burns, uma volta à cultura neolítica para que se possa entender o conceito de instituição social aplicado à formação do grupo familiar. Esse conceito pode revelar a importância da influência da família na posição social da homossexualidade.
O aspecto mais importante da cultura neolítica foi o desenvolvimento das instituições
e uma das mais antigas instituições humanas é a família. Historicamente, ela sempre significou uma unidade mais ou menos permanente composta dos pais e sua prole, cuja função é proteger os menores, estabelecer e gerir a divisão do trabalho, a conservação e transmissão de propriedades, assim como das crenças e costumes. Ela parece ter existido desde essa época tanto sob a forma poligâmica ( matrimônio plural ) como monogâmica. Sob quaisquer dessas formas a família, como instituição social, sempre teve a função de extensão do poder do governo e da igreja para o controle dos valores a serem transmitidos à sociedade e às gerações futuras.
A partir do panorama geral e de alguns exemplos que aqui couberam podemos afirmar que em nenhum momento e em nenhuma cultura - a não ser em tentativas muito recentes - foi revelado interesse tanto das autoridades do estado quanto da igreja em compreender ou atender as necessidades bio-psicológicas e sociais dos cidadãos homossexuais - homens e mulheres. Do mesmo modo não houve disposição para propor medidas, leis ou normas sociais e religiosas visando a união pelo casamento ou alguma outra forma, de modo a que a família homossexual viesse a ser aceita pela sociedade. Ao contrário, como já observamos, a família, como instituição social, desde o início e até os dias de hoje tem servido aos interesses dos governos quando deveria ter nos governantes os defensores dos interesses e necessidades de seus componentes. O reconhecimento da homossexualidade, tanto masculina como feminina, tem sido um dos aspectos que tanto o estado como a igreja negligenciaram ou interpretaram de maneira tendenciosa ao longo da história do homem.
Ultimamente as atitudes de aceitação em relação aos homossexuais tornaram-se mais frequentes no mundo todo principalmente nos países ocidentais democráticos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a aceitação da homossexualidade cresceu bastante, comparativamente, nos últimos 50 anos. Numa sondagem realizada no Instituto Gallup em 1.999 , a aceitação pelos americanos de um homossexual para cargo eletivo igualou à dos mórmons ( 79% ) e superou a dos ateus (49%).
Mas continua a haver desinteresse por um melhor conhecimento das relações entre os aspectos biológicos e psicológicos do ser humano e a constituição da família. Tal conhecimento poderia definir medidas para eliminar a existência de uma parte, felizmente cada vez menor, de discriminação velada que pode ser atribuída ao ranço dos valores que ainda persistem nas gerações mais velhas.

Precisamos entender, então, como as forças sociais deveriam atuar tendo em vista o conhecimento do ser humano hetero e homossexual em seu contexto biológico, psicológico e social. Em outras palavras, o conhecimento do ser humano como um todo uma vez que ele não é formado de uma simples soma de partes.
Neste sentido, recorreremos, como fontes de informações, dentre outras, a livros como o de Allan Pease ( Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? ...; R.J.; Sextante, 2.000), a publicações de pesquisas e relatos, assim como história de casos.
As pesquisas relatadas por Pease representam a teoria mais aceita porque até o momento não foram realizadas pesquisas experimentais sobre a diferenciação sexual com o ser humano. Elas mostram que o padrão básico da formação do corpo e do cérebro do feto da espécie humana é feminino (XX)
- Entre 6 a 8 semanas depois da concepção, para se transformar em masculino (XY), o feto recebe uma dose maciça de hormônios masculinos (androgênios) que primeiro formam os testículos e depois alteram o cérebro de um formato feminino para uma configuração masculina. Quando nessa época certa esse cérebro não recebe a quantidade suficiente de hormônios masculinos duas coisas podem acontecer: Primeiro, nascer um menino com cérebro estruturalmente mais feminino do que masculino e que na adolescência vai se descobrir "gay ". Segundo, nascer um bebê com genitais masculinos e o funcionamento do cérebro inteiramente feminino - um transgênico ou transexual. Pertence biologicamente a um sexo mas sente atração pelo outro. Não são raros os casos de indivíduos que após casarem e terem filhos descobrem, com grande conflito emocional, sua atração por outro homem. No dia 20 de novembro deste ano foi publicada uma matéria a qual , divulgada na rede da TV britânica BBC, foi enviada por Carolina de Andrade ao jornal Folha de São Paulo sob o título "transtorno de identidade divide especialistas". Conta o caso de um menino inglês, Jack, que aos quatro anos já afirmava ser menina e queria se comportar como tal. Sofreu "bulliyng" na escola e entre onze e dezesseis anos fez sete tentativas de suicídio. Com essa idade foi operado na Tailândia pois a lei inglesa proíbe a cirurgia para mudança de sexo em menores. Hoje é modelo e finalista no concurso Miss Inglaterra. A matéria relata opiniões de especialistas e as divergências ainda existentes sobre aspectos desse caso.
- De outro lado, quando o feto feminino ( XX ) recebe no prazo certo (6 a 8 semanas) uma carga grande de hormônio feminino (estrogênios) o bebê nascerá uma menina. A presença de hormônio masculino é insignificante ou nenhuma. Assim se formarão os genitais e o modelo do cérebro continua feminino e receberá a configuração dada pelos hormônios femininos e desenvolverá as capacidades esperadas para esse sexo. As vezes por acidente o feto do sexo feminino recebe uma dose significativa de hormônio masculino na fase da diferenciação sexual ( 6 a 8 semanas após a concepção). Daí resulta o nascimento de uma menina com cérebro até certo ponto masculino que futuramente se reconhecerá homossexual lésbica. A palavra " lesbianismo" vem da ilha grega de Lesbos e surgiu em 612 a. c.
Aparentemente a homossexualidade feminina não é vítima de tanto preconceito quanto a masculina mas isto talvez por se manter mais na intimidade, " oculta" da sociedade. Isto poderia explicar porque os homossexuais masculinos parecem ser mais numerosos do que as femininas. Para cada lésbica são encontrados de 8 a10 " gays ".
Podemos ver, então, que a determinação biológica do ser humano não é uma opção portanto não é um problema mas um fato. Os problemas que existem são impostos pela sociedade, através das leis, da tradição e dos mitos e ritos. Do mesmo modo que os heterossexuais os homossexuais não têm opção quanto ao seu gênero. Até o momento força alguma, quer social, religiosa ou científica conseguiu modifica-los, a não ser violenta-los em seu comportamento social, moral e ético. Vejam por exemplo aqueles homossexuais cujas atitudes parecem deliberadamente afrontar a moral social. Seria isso produto de insegurança, de sentimento de inferioridade quanto ao seu gênero ou uma atitude de revolta perante uma sociedade insuficientemente organizada? Porque atitudes igualmente afrontosas, quando exibidas por jovens heterossexuais, não são julgadas segundo os mesmos padrões de valores.
Maltratar um ser humano porque é homossexual é o mesmo que maltratar, por exemplo, um negro por sua cor ou um judeu por sua raça.

A relação entre a formação biológica e as funções psicológicas é relatada na pesquisa da cientista e pesquisadora canadense Sandra Witleson que testou homens e mulheres para localizar a emoção no cérebro. Antigamente se pensava que os hormônios só afetavam o corpo. Hoje se sabe que eles programam o cérebro antes do nascimento ditando pensamentos e atitudes. Candice Pert, do American National Institute of Health, em uma pesquisa pioneira descobriu os neuropeptídeos que são filamentos de aminoácidos que circulam pelo corpo e se juntam a receptores compatíveis. Eles seriam os responsáveis pelas emoções de amor, medo, confiança, segurança etc. Mas como essa teoria científica explicaria o fato de que o idoso é, em geral, mais emotivo do que o jovem? Com a idade não deveria haver desgaste também das" emoções-células" ? Seria possível uma explicação e uma justificativa biológica da permanência do casamento heterossexual, assim como do fortalecimento das relações sentimentais entre os cônjuges até o final de sua vida (quando os hormônios já chegaram ao final da sua vida) ? O que parece ser coerente é pensar que o amor não está circunscrito ao gênero mas que a sua manifestação pode se modificar e se estender muito além de uma função hormonal e é esta emoção-sentimento uma das bases da permanência do casamento. Ora, se considerarmos que a espécie humana, em decorrência de sua constituição biológica, psicológica e social está representada por indivíduos pertencentes a três gêneros: masculino, feminino e homossexual, as funções do amor e da reprodução ocuparão seus devidos lugares na constituição da família e da sociedade.

Podemos, então, concluir este texto dizendo que:
- o comportamento sexual do homem tem sido influenciado em grande parte pelas forças sociais, especialmente pelas necessidades e interesses governamentais frente às demandas notadamente de conquistas territoriais; e isto é válido principalmente quanto ao sexo masculino.
- as funções da família, como uma instituição social, têm servido ao estado e a igreja como órgão facilitador da introdução e disseminação de leis e normas sociais com vistas à sua assimilação na forma de valores, usos e costumes.
- tendo em vista as funções sociais do homem e do grupo familiar, entendemos que a
educação do ser humano tem sido parcial no sentido de não ter sido levada em conta todas as suas características individuais notadamente as decorrentes da diferenciação sexual.
Uma vez que até o momento é irreversível a determinação do gênero no ser humano e que o fato de ignorar ou descartar a existência de uma terceira modalidade de gênero - a homossexual - tem causado graves problemas individuais e sociais, fica óbvia a necessidade de ser repensada a posição desses três gêneros na sociedade moderna. A posição do homossexualismo na história do homem assim como as descobertas da sua determinação biológica mostram que essa proposta não é mais um resultado de ficção científica mas de evolução social.
Neste sentido consideramos essencial que de início fique claramente definida a posição desses três gêneros perante a sociedade a partir de um novo conceito de casamento e de família uma vez que é patente a sua importância como " celula mater" na formação das novas gerações.
 
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