segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Quem eu Sou?

Oba! Minha " Sementeira " já deu seu primeiro frutinho! Luana, minha neta, sugeriu um tema para ser pensado. Ele surgiu a partir da conversa com uma amiga e ela julgou interessante porque a afetou. Trata do efeito benéfico (que produz boas consequências) ou maléfico (cujas consequências são más) que as pessoas podem produzir, umas sobre o comportamento das outras.

A amiga de Luana, cardiologista de renome, foi uma menina tímida, "apagadinha", em sua infância. Estava cursando a 5a. série ginasial (ensino de nível médio) quando uma nova professora de Língua Portuguesa começou a trabalhar com a classe, em substituição à professora efetiva.
Recém- formada, idealista, resolveu esta professora (por coincidência minha filha) levar os alunos a aprender Literatura através da vivência: Organizou uma peça teatral onde os alunos representariam os personagens.
Colocada em foco, aplaudida, trabalhando em equipe, a aluna tímida descobriu em si própria, qualidades e capacidades que não julgava ter e, com prazer, percebeu que era "alguém" .
A amiga de Luana ficou muito feliz quando, no decorrer da conversa, soube que a tia de minha neta era a sua antiga professora de lembrança querida, e comovida, relatou a ela esse fato de sua vida.

Não a peça teatral, mas a atitude dos colegas, de amigos e professores é que provocou uma mudança em seu comportamento social, o qual passou a dirigir a evolução de sua vida, a partir de então.

Entretanto, nem sempre ocorrem boas influências que provocam mudanças positivas no comportamento dos indivíduos. Infelizmente, são mais freqüentes os comportamentos negativos que decorrem de influências perniciosas para o indivíduo e a sociedade, tais como a disseminação de vícios, a generalização da desonestidade e da violência. São exemplos de situações deste tipo os casos de aquisição dos vícios (hoje sob maior controle) do fumo e das bebidas alcoólicas.

Uma criança ou adolescente (dificilmente o vício é adquirido na fase adulta), aprende a fumar e/ou beber quase sempre pelo exemplo de amigos e familiares. Recebe um conjunto de informações e adquire valores sociais negativos, tais como: fumar e/ou beber é "gostoso" (porque muita gente acha e não por ter um bom sabor - aliás, o cigarro, não tem sabor algum, é só fumaça), é "bonito" e "importante" (pessoas admiradas , focalizadas pela sociedade, aparecem na mídia fumando e/ou bebendo), e assim por diante...

Tais valores, aceitos pela sociedade e por ela própria incentivados através da propaganda dos produtos (felizmente, hoje sob restrição), justificam os comportamentos deles decorrentes, pois o adulto, portador do vício, o aceita mesmo tendo consciência dos perigos nele envolvidos. O adulto tem conhecimentos e a capacidade de fazer julgamentos a fim de tomar decisões corretas, mas o vício já se instalou numa época em que seu pensamento crítico não estava plenamente desenvolvido.
Agora, a mudança para um retorno é muito sofrida , ao contrário daquela , prazeirosa , que provocou o vício .

Uma mudança de comportamento não é, necessariamente, dirigida para o bem ou para o mal.Ela é própria do organismo humano. Os valores sociais que a provocam são os que a qualificam e a dirigem.

No meu entender, então, uma mudança de comportamento começa com a provocação da curiosidade e do interesse - que constituem a mola propulsora para o conhecimento .
A aquisição do conhecimento permite um julgamento e uma tomada de decisão a respeito do objeto de seu interesse (no nosso exemplo, o álcool e o fumo).

Aí é que está o perigo! É no momento da decisão que atuam as influências - boas ou más - no sentido de dirigir o comportamento do indivíduo: o fornecimento de informações verdadeiras ou tendenciosas, de exemplos atraentes ou relevantes, etc.

Por isso é tão importante o papel da família, dos amigos e de pessoas especializadas, os quais, ao lado da firme intenção do paciente, podem levar á sua reintegração na sociedade ronde, infelizmente, irá se deparar novamente com todos os fatores negativos que provocaram o vício.
Por razões desta natureza é que muito mais fácil é evitar do que curar um vício.

Puxa vida!!! Mas como o homem muda! Ele nunca pára? Cada vez que se vê uma criança, ela está diferente! Cresce, encorpa, muda de fisionomia e de comportamento tão rapidamente que, quando "acordamos", está um adulto.
Precisamos aceitar o fato de que nosso filhinho é, hoje, um ser humano sério e ponderado, capaz de tomar conta de sua vida e, se "bobearmos", da nossa também. No entanto, nesse indivíduo sempre encontramos e reconhecemos nosso filhinho!

Apesar de toda mudança no aspecto físico, intelectual, emocional e social, o indivíduo consegue ser ele mesmo, manter sua identidade no decorrer de toda a sua vida. O velho se reconhece na criança e no jovem que foi. Ele se "sente" sempre ele mesmo e nunca outra pessoa.

Mas, como eu posso ter tanta certeza de que eu sou eu? De que a pessoa que eu "penso " que sou, sou realmente "eu" ? De que no mundo inteiro não existe outra pessoa que seja eu? De que nem minha irmã gêmea pode ser a minha cópia, não pode ser eu?
Penso que é por "me sentir"sempre eu - por eu me reconhecer .
Minha identidade, então, não é dada apenas pelo conjunto de características que me definem, mas por algo que é único e pessoal dentro de mim.

No entanto, é possível a uma pessoa perder sua identidade para si própria e para os outros, quando um mal atinge suas funções cerebrais (é o caso do mal de Alzheimer,carinhosamente" apelidado "Alemão" por já fazer parte de inúmeras famílias) O doente que perdeu para si próprio sua identidade, não a mantém para os outros porque torna-se um estranho, física e mentalmente. Então, a identidade para os outros depende da consciência da identidade de si próprio: se eu sei quem eu sou, posso mostrar a você quem eu sou, mas se nem eu sei quem eu sou, como você pode saber quem eu sou?

Você entendeu? Parece claro? Mas não é, não!

Paradoxalmente, apesar de se reconhecer em qualquer situação e fase de sua vida, ninguém sabe quem realmente é. Se é quem pensa que é, quem desejaria ser, ou, mais freqüentemente, quem os outros acham que é.

A pessoa se conhece através dos outros. Quando muitas pessoas dizem que você é bonita, inteligente, simpática, você se sente assim e procura aprimorar e mostrar tais qualidades.

De outro lado, se, ao sair para o trabalho, uma pessoa encontra um amigo que lhe diz:" O que você tem? Está parecendo doente! ", pensa logo que ele está precisando de óculos, pois ela está se sentindo muito bem. Em seguida, no trabalho, um colega a olha cuidadosamente e diz: "Meu Deus! O que aconteceu com você? Está pálida, parece doente!" Imediatamente ela vai à toalete e se olha no espelho:"Puxa vida! Estou mesmo pálida! O que será?" E volta para o trabalho com "falta de ar". Todos olham e perguntam, agora com razão, se não está se sentindo bem. É a conta! Ela pede licença e vai ao médico, rezando para chegar com vida ao hospital.

Dizem,- para mim as más línguas - que o homem é produto do meio. Acho que ele é muito inteligente para ser só isso. É sempre possível fazer uma "mediazinha". Corresponder às expectativas sociais (as boas), procurando ser como os outros esperam que sejamos. Analisar criticamente nossas qualidades e capacidades e trabalhar no sentido de torná - las melhor. Tentar alcançar nossos "sonhos de consumo", em termos dos objetivos desejados, enquanto jovens , e, quando velhos, tentar sonhar em conservar o que alcançamos sem nada perder enquanto pudermos.

Sempre podemos encontrar motivos para ser feliz, encontrar objetivos a nosso alcance, em qualquer etapa de nossa vida.

Sentir a vida é uma forma de mudar nossa maneira de ver o mundo e as pessoas que nele vivem. Por exemplo, nem se precisa ser velho para gozar do prazer de uma boa companhia ao som de músicas suaves, sentir a calma das águas paradas e das árvores, dormitar com o barulhinho de uma cascata, suspirar pela paz como a de um por-do-sol, inspirar a energia de um amanhecer com os pássaros cantando...e assim por diante.

As pessoas podem aprender a ser uma boa influência para os outros. Devem começar por serem boas para si próprias - a "se gostarem" . Em outras palavras, quem não está bem consigo próprio não pode estar bem com os outros. Quem for capaz de ver o lado bom nos fatos de sua vida estará preparado para ser boa influência, pois poderá ver o lado bom dos outros e, assim, despertar qualidades adormecidas em seus semelhantes.

É preciso desenvolver esta capacidade, voltada para o bem , e excluir a tendência mais fácil de ver o mal em tudo o que acontece, procurando sempre um " bode expiatório".

As pessoas podem nos fazer bem ou mal com sua simples presença. "Sentimos", com maior ou menor intensidade, a "aura" das pessoas que se aproximam de nós. Dizemos que certas pessoas trazem "energia negativa". Quando chegam, parece que tudo fica escuro, pesado, triste. Outras, ao contrário, parecem trazer consigo a luz, a alegria, a energia: elevam "nosso astral" , fazendo eclodir qualidades que nem a gente sabia ter dentro de si.

Se uma pessoa pode mudar seu comportamento e se tornar uma boa influência para a mudança de comportamento de outra, por quê uma sociedade não pode se modificar na
direção do bem estar de todos?

O homem é o único ser consciente e racional equipado para dirigir sua própria evolução em termos de um verdadeiro progresso. Embora não se possa provar (pelo menos eu não posso) que, sem a influência do homem, a natureza e os animais seguiriam sua evolução de forma harmônica e equilibrada, estão perfeitamente claras as provas de que a ação do homem está destruindo a vida em nosso planeta.

Essa questão é tão importante que o mundo todo está voltado para ela. Mas não precisamos nos envergonhar da situação da vida em nosso país, pois, apesar de todos os povos estarem trabalhando no sentido de integrar harmonicamente as relações dos homens entre si e da preservação da natureza, a vida humana continua cada vez mais precária.

Isso não impede que nossa vida, a de nossos familiares e amigos, enfim, de todos que nos rodeiam, seja melhorada por nosso comportamento individual e que possamos nos aproximar, pouco a pouco, - talvez para nossos filhos ou descendentes - de uma harmonia universal.



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